Misericórdias e IPSS nos Açores defendem atualização dos valores padrão
17 de set. de 2024, 15:57
— Lusa/AO Online
“Fizemos
um acordo em dezembro de 2023. E foi com o Governo anterior. E foi
acertado só este ano. Para haver sustentabilidade temos que fazer um
estudo sobre o custo real das instituições, por valência, para
efetivamente sabermos as despesas reais”, afirmou o presidente da União
Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos
Açores (URIPSSA), João Canedo.O
responsável falava no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada, na ilha de
São Miguel, após uma audiência com o presidente do Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, no âmbito do processo de
auscultação sobre as antepropostas de Plano e Orçamento Regional para
2025.“Nós acertámos só este ano, em julho,
o acordo que foi feito em dezembro do ano passado. Enquanto no
continente as IPSS começaram a receber os valores em janeiro, só em
julho é que começámos a receber com retroatividade”, disse aos
jornalistas.Destacando o “serviço de
qualidade” prestado em prol da comunidade mais desfavorecida dos Açores,
o presidente da URIPSSA considerou que as intuições devem ser melhor
dotadas de meios financeiros para que possam corresponder às
necessidades da sociedade.O responsável
referiu, por exemplo, a necessidade de haver "uma majoração" para as
crianças com necessidades especiais, tal como existe no continente, "no
valor de 60%", explicando que "o valor padrão é de 524 euros".Outra
das preocupações deixadas ao presidente do Governo Regional refere-se
ao valor destinado a compensar o diferencial que existe nos vencimentos
das educadoras de infância em relação à função pública."Recebemos
um valor da Direção Regional da Educação desde 1999. As educadoras de
infância têm equivalência à função pública e hoje em dia este valor são
100 euros. Esse valor foi para compensar a diferença que existe nos
ordenados das educadoras. E temos que alterar esse valor, mas isso tem
que ser tudo negociado com o Governo Regional", explicou, defendendo
ainda "estabilidade política governativa".Também
o presidente da União Regional das Misericórdias dos Açores (URMA),
Bento Barcelos, considerou, após a audiência com o presidente do Governo
Regional, que é necessário incrementar o financiamento para as
instituições."É preciso atualizar os
valores padrão na maioria das valências com maior enfoque para
majorações em termos dos lares e a atualização em termos do valor
cama/utente/dia nos cuidados continuados que não é feito desde 2022",
constatou.Outro aspeto fundamental que
referiu tem a ver com "a majoração de 5% do salário mínimo regional",
alegando que "50% dos recursos humanos do setor social e misericórdias
estão abrangidos pelo salário mínimo regional". O responsável da URMA considerou igualmente importante a revisão, "o mais rápido possível", da Lei de Finanças Regionais."É
importante acelerarmos e concretizarmos a maior execução possível do
Plano de Recuperação e Resiliência (PRR/Açores) e do programa
operacional 2030. E, se for necessário para potenciar os envelopes
financeiros o Governo recorrer de endividamento, deve fazê-lo, com a
devida moderação", afirmou.Bento Barcelos
defendeu também que o financiamento de investimentos no setor social
deve "ser incrementado com a maior brevidade possível".O
executivo saído das eleições legislativa antecipadas de 04 de fevereiro
Governa a região sem maioria absoluta no parlamento açoriano e, por
isso, necessita do apoio de outro partido ou partidos com assento
parlamentar para aprovar as suas propostas.No
sufrágio de fevereiro, PSD, CDS-PP e PPM elegeram 26 deputados, ficando
a três da maioria absoluta. O PS é a segunda força no arquipélago, com
23 mandatos, seguido do Chega, com cinco. BE, IL e PAN elegeram um
deputado regional cada, completando os 57 eleitos.O Plano e o Orçamento dos Açores para o próximo ano deverão ser discutidos e votados no parlamento açoriano em novembro.