Ministro João Galamba ouvido hoje na comissão de inquérito
TAP
18 de mai. de 2023, 07:43
— Lusa/AO Online
João
Galamba já fazia parte da lista de personalidades a inquirir pela
comissão de inquérito, que está a deixar para o fim os políticos, mas,
face ao conhecimento público de uma reunião preparatória entre o grupo
parlamentar do PS, membros de gabinetes do Governo e a ex-presidente
executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, na véspera da audição na
comissão de Economia, em janeiro, e consequente polémica sobre as notas
daquela reunião, a audição do governante foi antecipada.O
referido caso remonta a 26 de abril, envolvendo denúncias contra o
ex-adjunto Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das
Infraestruturas e furto de um computador portátil, já depois de ter sido
exonerado por “comportamentos incompatíveis com os deveres e
responsabilidades” inerentes ao exercício das funções, e a polémica
aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações de
Segurança (SIS) na recuperação desse computador.Este
episódio gerou uma divergência pública entre o Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, em torno da manutenção
no Governo do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que apresentou
a sua demissão, mas que António Costa não aceitou.No
dia 04 de abril, em audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP,
a então presidente executiva da TAP confirmou ter participado numa
reunião preparatória com o grupo parlamentar do PS e membros de
gabinetes do Governo, na véspera de uma anterior audição na comissão de
Economia, em janeiro.Na ocasião,
questionada se tinha havido combinação de perguntas e respostas para a
audição do dia seguinte, Ourmières-Widener disse não ter memória de
combinação, mas que apenas lhe tinham sido feitas perguntas, às quais
respondeu.A gestora disse ainda que a sua
participação na reunião tinha partido do Ministério das Infraestruturas,
que, inicialmente, emitiu um comunicado a dizer que o ministro tinha
sido informado da intenção da TAP em participar, tendo João Galamba
acrescentado mais tarde, em conferência de imprensa, que falou da
reunião preparatória de 17 de janeiro numa outra reunião com a CEO no
dia 16.A TAP confirmou o interesse mais
tarde ao então adjunto, que informou o ministro. “Eu de facto fui
[informado], porque tenho mensagem do doutor Frederico Pinheiro a dizer
‘João, a CEO quer participar na reunião, pode?’ e eu respondo ‘pode’”,
apontou o ministro.O ex-adjunto Frederico
Pinheiro acusou o Ministério de tentativa de ocultação de documentos
pedidos pela comissão de inquérito, relativamente às notas da referida
reunião preparatória.João Galamba negou as
acusações, sublinhando que não houve ocultação das notas, uma vez que
as mesmas, enviadas pelo ex-adjunto no corpo de um ‘email’, foram
endereçadas à comissão de inquérito.Os
ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram, em 06 de março,
a exoneração com justa causa da presidente executiva da TAP, Christine
Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel
Beja, na sequência da indemnização de meio milhão de euros à
ex-administradora Alexandra Reis, após a Inspeção-Geral de Finanças
(IGF) ter concluído que o acordo de saída celebrado era nulo.Na
audição na comissão de inquérito, em abril, a então presidente
executiva da TAP disse que estava à espera de ser despedida, mas não por
justa causa, após reunião com João Galamba na manhã da conferência de
imprensa do anúncio da exoneração.Também o
ex-presidente do Conselho da Administração, Manuel Beja, disse ter
recebido a notícia do seu despedimento através de um telefonema do
ministro João Galamba na manhã do dia do anúncio público, mas sem
qualquer referência à justa causa.