Ministro do Ambiente quer antecipar neutralidade carbónica em Portugal para 2045
20 de jan. de 2023, 11:39
— Lusa/AO Online
“Portugal
tem exercido um papel de liderança nos compromissos internacionais na
ação climática. Fomos pioneiros, logo em 2016, no compromisso de
alcançar a neutralidade carbónica até 2050, que queremos antecipar para
2045”, afirmou Duarte Cordeiro, tendo sublinhado que o Governo
descarta qualquer possibilidade de assentar o desenvolvimento económico
no uso de combustíveis fósseis e lembrado o fecho das centrais a carvão
em solo nacional, a última das quais no Pego (Abrantes), em novembro de
2021.O ministro do Ambiente e da Transição
Energética, Duarte Cordeiro, falava em Constância, Santarém, onde
entregou, em conjunto com a ministra da Defesa Nacional, Helena
Carreiras, o 29.º prémio da Defesa Nacional e Ambiente à Brigada
Mecanizada do Exército (BrigMec), no Campo Militar de Santa Margarida,
pelo sistema de gestão ambiental desenvolvido por esta unidade militar e
que concorreu com um projeto ‘Contributo da BrigMec para o
Desenvolvimento Sustentável’.“Este prémio
vem, desde 1993, refletir esta frutuosa parceria, bem mais antiga, e
reconhecer que só com uma ação conjunta das diferentes áreas
governativas é possível alcançar os objetivos a que nos propomos em
matéria de ambiente e ação climática, que, como sabemos, são
extremamente exigentes”, afirmou o ministro.Segundo
Duarte Cordeiro: “Atingir a neutralidade carbónica em Portugal exige
reduções de emissões superiores a 85% para anteciparmos a meta em
relação a 2045, e uma capacidade de sequestro de carbono pelo uso do
solo e florestas de 13 milhões de toneladas de carbono por ano”.“Para
a alcançar, é necessária igualmente uma alteração do modelo económico
linear em que se extrai, consome e descarta para um modelo económico
circular, regenerativo no uso de recursos (…) porque só assim vamos
conseguir poupar recursos (materiais e financeiros) e valorizar o
território, garantindo dessa forma condições para a redução das emissões
e a promoção do sequestro de carbono”, defendeu, tendo elogiado o
projeto a concurso dos Pupilos do Exército, que ganharam uma menção
honrosa.“Descartamos assentar o
desenvolvimento económico no uso de combustíveis fósseis” e, “por isso,
fechámos as nossas centrais a carvão, cujas emissões, em 2017, chegaram a
representar cerca de 17% do total nacional”, lembrou, tendo referido
que a aposta é, “cada vez mais, nas energias renováveis” em Portugal.Segundo
o governante, entre 2013 e 2022, o país conquistou “uma capacidade de 5
GW em renováveis e apenas saíram do sistema as duas centrais a carvão
(1,8 GW)”, tendo dado conta que “as renováveis contabilizam cerca de
16,3 GW de capacidade instalada”.Em termos
de produção de energia elétrica, acrescentou, “em 2020 e 2021 a energia
renovável rondou os 60% da produção total” e “o solar passou de 3% da
produção total renovável em 2015 para cerca de 11% em 2022”, antecipando
encurtar o prazo de um outro objetivo.“Nos
próximos dois anos poderão entrar mais 2,8 GW de nova capacidade com
base nas licenças já atribuídas. Ou seja, conseguiremos duplicar a
capacidade solar instalada, o que nos permite, com otimismo, mas
realismo, considerar que anteciparemos os nossos objetivos de 2030 já em
2026”, avançou.Para a ministra da Defesa
Nacional, “hoje, mais do que um compromisso sólido de proteger o
planeta, a promoção da sustentabilidade ambiental no setor da Defesa é
também vista como um contributo fulcral para o aumento da resiliência
nacional e para o reforço de capacidades”.Nesse
sentido, “de forma a responder” aos diferentes reptos e passados três
anos do início da implementação da Diretiva Ambiental para a Defesa
Nacional, Helena Carreiras disse que “é chegado o momento da sua
revisão”, e que se deve “corresponder ao atual momento e avançar com uma
Estratégia da Defesa Nacional para o Ambiente, que atribua especial
enfoque às Alterações Climáticas e ao impacto operacional” nas Forças
Armadas.“Numa década em que somos
constantemente confrontados pelas gerações mais jovens sobre a razão da
inação face aos factos climáticos, urge assim tomar mais medidas e agir
decisivamente”, afirmou a governante.O
Campo Militar de Santa Margarida tem 63 hectares de área, dos quais 60
são terrenos florestais. Nas suas várias unidades trabalham diariamente
cerca de 900 pessoas, entre militares e civis. O projeto vencedor, com a
designação ‘Contributo da BrigMec para o Desenvolvimento Sustentável’,
consiste num sistema integrado de gestão ambiental, energético e
agroflorestal.O júri do concurso, aberto a
todos os ramos das Forças Armadas e a que concorreram três projetos,
todos do Exército, atribuiu ainda uma Menção Honrosa à candidatura do
Instituto dos Pupilos do Exército (IPE) denominada "Uma Tiny Forest no
IPE".O Prémio Defesa Nacional e Ambiente,
criado em 1993, distingue anualmente a unidade que melhor contributo
preste para a qualidade do ambiente, numa perspetiva de desenvolvimento
sustentável, através da utilização eficiente dos recursos naturais, da
promoção de boas práticas de gestão de ordenamento do território, da
proteção e valorização do património natural e paisagístico e da
biodiversidade.