Ministro defende propinas pagas por empresas para reduzir “custos diretos das famílias”
22 de jan. de 2019, 13:04
— Lusa/AO Online
“Temos,
sobretudo, de estimular e provocar os empregadores a incentivarem a
formação ao longo da vida. Não é algo que se faz por decreto, é algo que
se faz com empresas, com empregadores e com a administração pública”,
defendeu o governante em declarações à agência Lusa, à margem de uma
conferência sobre a política europeia para o espaço, em Bruxelas.Numa
altura em que se discute o fim das propinas, Manuel Heitor defendeu “a
necessidade de alargar a penetração do ensino superior em Portugal”,
deixando de estar apenas centrada em licenciaturas.“Isso
requererá, na próxima década, reduzir os custos diretos das famílias,
ao mesmo tempo que modernizamos e transformamos gradualmente a
estrutura, quer de financiamento, quer de operação”, acrescentou o
governante, sugerindo a aposta em cursos de pós-graduação e de mestrado.A
seu ver, urge “estimular uma estrutura do ensino superior que deixa de
estar focada na formação inicial para diversificar e especializar em
muitas áreas, sobretudo, na área da pós-graduação, o que tem
consequências importantes para alterar a estrutura de financiamento das
instituições de ensino superior”.Isto
porque, atualmente, “o ensino superior em Portugal tem uma estrutura de
financiamento baseada, sobretudo, na formação inicial porque [Portugal]
tem a população estudantil mais jovem da Europa, com uma idade média
dos estudantes de 25 anos, o que compara, noutros países do norte da
Europa, com 41 anos”, observou.Para
Manuel Heitor, o “grande desafio da sociedade portuguesa” é, assim,
passar-se para “uma estrutura de financiamento obviamente diferente e
também [para] uma maior contribuição quer daqueles que beneficiem
diretamente, quer sobretudo dos empregadores”.Ainda assim, garantiu que o Estado vai “continuar a financiar o ensino superior”.O fim das propinas tem vindo a ser defendido por dirigentes do PS, do BE, do PCP.Sobre
esta questão, o Presidente da República, Marcelo da Rebelo de Sousa, já
disse concordar "totalmente" com a ideia de se caminhar para o fim das
propinas.Na
conferência de hoje, em Bruxelas, Manuel Heitor interveio numa
mesa-redonda sobre a estratégia europeia para o espaço e o novo programa
europeu do setor para 2030.Falando
à Lusa no final da sessão, o também responsável pela pasta da Ciência
sublinhou a aposta de Portugal na área do espaço, nomeadamente com a
criação até março deste ano de uma agência espacial, com sede na ilha de
Santa Maria e instalações em Lisboa, bem como com o novo centro
internacional de investigação dos Açores.“Aí irá surgir grande parte da atividade de novos negócios, de novas empresas, o que irá criar emprego”, adiantou.