Ministro das Infraestruturas acusa Alfredo Casimiro de “enganar o Estado português”
24 de mar. de 2021, 13:24
— Lusa/AO Online
O
ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que
está a ser ouvido pela comissão parlamentar de Economia, Inovação,
Obras Públicas e Habitação, disse que a questão das ações empenhadas de
Alfredo Casimiro, que estavam a ser pedidas pela TAP como garantia para
um adiantamento à Groundforce para o pagamento de salários, foi um
“momento infeliz em que um empresário decide enganar o Estado
português”, bem como os trabalhadores.O
governante considerou ainda que Alfredo Casimiro é “um homem que provou
que não é sério” e que tentou várias “manobras de diversão” durante as
negociações com a TAP, para um empréstimo que permitisse à Groundforce
pagar os salários aos seus 2.400 trabalhadores, em atraso desde
fevereiro.“Estamos a falar de um
empresário que, no relacionamento com o Estado, esteve a enganar o
Estado até ao fim e que, a determinada altura, posteriormente, ainda
grava uma reunião com um ministro”, afirmou Pedro Nuno Santos. “Não podemos fazer de conta que não se passou nada e que estamos perante um empresário igual aos outros”, acrescentou.Segundo
o ministro das Infraestruturas, a privatização da Groundforce, levada a
cabo em 2012 pelo Governo de Pedro Passos Coelho, levou a que Alfredo
Casimiro recebesse “7,6 milhões de euros até 2018 e só depois é que
comprou a empresa por 3,7 milhões”.“Sabe
quantos portugueses gostavam de ter feito um negócio destes? 10 milhões.
Isto é uma vergonha, devia ter vergonha de vir para aqui de peito feito
falar sobre a forma como nós nos relacionamos com as empresas”,
respondeu Pedro Nuno Santos ao deputado Carlos Silva, do PSD, que
apresentou uma defesa da honra, classificando a postura do governante de
“arrogante” e “inqualificável”.O ministro
das Infraestruturas sublinhou ainda, em resposta à deputada Isabel
Pires, do Bloco de Esquerda, que não houve uma guerra entre acionistas
nas últimas semanas, mas sim “um Estado a defender-se”.“É
um processo duro, entre um empresário que quer tratar da sua vida sem
meter um cêntimo e um Estado que se está a defender, ao mesmo tempo que,
proativamente, apresentava soluções”, acrescentou Pedro Nuno Santos.Na
sexta-feira, o Conselho de Administração da Groundforce deu 'luz verde'
ao acordo com a TAP, que prevê a compra dos equipamentos da empresa de
‘handling’ e desbloqueia o pagamento de salários e despesas no curto
prazo, com a abstenção de Alfredo Casimiro.O
acordo prevê que a TAP compre os equipamentos da Groundforce por cerca
de sete milhões de euros, uma solução de curto prazo, que permite
resolver os problemas mais urgentes da empresa, enquanto se procura uma
solução para as restantes verbas de que necessita, para fazer face aos
prejuízos causados pela pandemia.Está
também previsto que a Groundforce pague 461.762 euros mensais à TAP pelo
aluguer dos equipamentos que a companhia lhe comprou.O
presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo
Casimiro, ouvido na quinta-feira pela comissão parlamentar de Economia,
Inovação, Obras Públicas e Habitação, disse que esta solução era um
“balão de oxigénio” de dois meses, mas, se não forem disponibilizados
mais fundos, a empresa “vai definitivamente para a falência”.A
Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP,
que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é
acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta
assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto
Santo.