Ministro das Finanças não exclui orçamentos retificativos
OE2021
12 de nov. de 2020, 18:55
— Lusa/AO Online
"Nós não temos, neste momento, previsto
qualquer orçamento retificativo, mas temos salientado sempre que num
quadro de tão grande incerteza que vivemos, nunca podemos excluir à
partida que isso possa vir a ser necessário", admitiu João Leão, durante
a sua audição no âmbito da apreciação, na especialidade, da proposta de
Lei do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).O
ministro disse ainda que no que toca a fundos europeus, "o orçamento
reflete ainda uma parte que do que está previsto com fundos europeus,
não reflete a globalidade"."Não reflete na
globalidade porque se tivermos capacidade, em algumas áreas de executar
mais depressa algumas medidas, e isso decorre da Lei de Enquadramento
Orçamental, o Governo pode, na medida em que conseguir executar,
reforçar o orçamento por conta de fundos europeus sem necessidade de
estar previsto na proposta de Orçamento", explicou o ministro. Perante
a questão do agravamento da pandemia e o nível de preparação do OE2021
por parte de Cecília Meireles, João Leão disse que "tem em conta a
evolução da pandemia"."Esse cenário tem
previsto que a pandemia terá uma dimensão significiativa durante o
primeiro semestre todo, mas não um 'shutdown' [desligamento] completo,
para vários meses, como tivemos no segundo trimestre", disse o
governante. A deputada do CDS avisou ainda
para a possibilidade de, em algum dia no futuro, o BCE mudar as suas
orientações de política monetária, considerando que no dia em que isso
acontecer "vamos ter um problema sério em Portugal".Na
proposta de OE2021, o Governo prevê para este ano uma recessão de 8,5% e
que a economia cresça 5,4% em 2021 e 3,4% em 2022, “ano em que se
alcança um nível de PIB equivalente ao registado no período pré-crise
pandémica”.Segundo a proposta de
Orçamento, também será em 2022 que Portugal voltará a cumprir as regras
impostas por Bruxelas relativas ao défice orçamental, que deverá atingir
7,3% do PIB em 2020, 4,3% em 2021 e 2,8% em 2022.O
Governo estima que o rácio da dívida pública registe uma melhoria em
2021, passando a representar 130,9% do PIB, depois de atingir os 134,8%
em 2020.Quanto ao desemprego, este ano deverá subir até uma taxa de 8,7%, descendo em 2021 para os 8,2%.