Ministro das Finanças britânico promete fim de “distrações” e concentrar-se na economia
3 de out. de 2022, 16:36
— Lusa/AO Online
"Eu
sei que o plano apresentado há apenas 10 dias causou um pouco de
turbulência. Já percebi. Eu percebo. Estamos a ouvir, e ouvimos, e agora
quero concentrar-me em concretizar as partes principais do nosso pacote
de crescimento”, afirmou no congresso anual do Partido Conservador, em
Birmingham.Kwarteng dirigia-se aos
militantes do partido no poder após o anúncio do recuo numa das
políticas principais do “mini-orçamento” apresentado a 23 de setembro,
quando anunciou a abolição do escalão máximo de 45 por cento do imposto
sobre os rendimentos dos contribuintes mais ricos. A
decisão, que afeta os trabalhadores com rendimentos superiores a
150.000 libras (171.000 euros no câmbio atual) por ano, os quais
passariam para o escalão de 40%, foi tomada após crescente pressão da
oposição e críticas dentro do partido. No
domingo, a primeira-ministra britânica, Liz Truss, revelou numa
entrevista à BBC que Kwarteng não lhe apresentou a medida antes da
apresentação no parlamento. Hoje,
Kwarteng, com Truss na primeira fila da sala do centro de exposições de
Birmingham ICC, prometeu: "Acabaram-se as distrações, temos um plano e
temos de continuar e cumpri-lo"."O que o
Reino Unido precisa mais do que nunca é de crescimento económico e o
governo está totalmente empenhado no crescimento económico. (…) Mas,
para fazer crescer a economia, precisamos realmente de coisas
diferentes”, justificou.O “mini-orçamento”
de 23 de setembro destinava-se principalmente a financiar o
congelamento dos preços da energia para famílias e empresas, que terá um
custo de 60.000 milhões de libras (69.000 milhões de euros), que será
suportado com mais dívida pública.Porém,
além da esperada reversão do aumento da contribuição para a Segurança
Social, em vigor desde abril, e o cancelamento da subida prevista para
os impostos sobre as empresas, Kwarteng anunciou inesperadamente a
extinção, em 2023, do escalão superior de 45% dos impostos sobre os
rendimentos de pessoas singulares, a descida de 20% para 19% no escalão
mais baixo e um desconto imediato no imposto sobre a compra de
habitação.O custo da maior intervenção
fiscal em décadas foi estimado em cerca de 45.000 milhões de libras
(51.000 milhões de euros) e foi recebido com desconfiança pelos mercados
financeiros, o que levou a uma desvalorização da libra, uma subida dos
juros sobre a dívida britânica e incerteza no setor imobiliário.O
Banco de Inglaterra foi forçado a intervir no mercado obrigacionista, o
que ajudou a estabilizar a libra e a dívida, mas o plano do governo
britânico foi criticado pelo FMI devido ao risco de agravar a inflação, e
a agência Standard and Poor's reduziu de estável para negativo o
‘rating’ do Reino Unido. O caos dos
últimos dias afundou a popularidade dos ‘tories’, com uma sondagem
publicada no jornal 'The Times' a dar ao Partido Trabalhista uma
vantagem de 33 pontos percentuais.