Ministro da Educação alerta para riscos da cultura do imediatismo no fomento de radicalismos
15 de out. de 2023, 16:24
— Lusa /AO Online
“Esta cultura do imediato prejudica a qualidade da democracia, por um lado, e a qualidade da aprendizagem por outro”, afirmou hoje o ministro da Educação, considerando que a falta de tempo para transformar a informação em conhecimento, conduz a “aprofundamento de novos radicalismos e de novas intolerâncias”.Exemplificando com “o que está a acontecer em Israel e em Gaza neste momento”, Joao Costa disse ver “com tristeza, opiniões em que parece que o sangue de uns vale menos do que o sangue de outros, como se o sangue das crianças, dos dois lados daquele muro não fosse exatamente igual” e não se estivesse “sempre a falar de seres humanos que estão a perder a sua vida”.Outro exemplo é a “confusão entre ativismo e vandalismo, porque o ataque à arte é o ataque à palavra, o ataque à expressão e o ataque à liberdade criativa”, apontou o ministro, considerando que tal acontece quando a sociedade recusa a si própria “o tempo do aprofundamento, o tempo do debate, o tempo da complexidade, o tempo que está inerentemente associado à leitura”.João Costa falava durante o encerramento do Seminário da Educação que decorreu este fim de semana, integrado na programação do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, contando, segundo a autarquia, com a presença de 120 profissionais da educação, partes dos quais abandonaram a sala quando o ministro iniciou o discurso.Numa intervenção em que falou do papel das bibliotecas escolares, da arte, da inteligência artificial, o governante afirmou que “o grande desafio dos sistemas educativos é ajudar a fazer perguntas e fomentar a curiosidade”, até porque “quem não for curioso, quem não conseguir fazer perguntas, nunca vai conseguir superar a máquina e vai-se deixar engolir pelos algoritmos”.“Felizmente o nosso sistema educativo tem essa intencionalidade assegurada naquilo que é o desenho do currículo nacional”, disse, acrescentando que o Ministério da Educação não se cansa de ser desafiado.O Seminário de Educação decorreu no âmbito do Folio Educa, um doa capítulos do festival que decorre em Óbidos até ao próximo domingo, sob o tema “Risco”.Na sua oitava edição o Folio leva à vila, do distrito de Leiria, 603 autores e criadores, em cerca de 108 conversas e tertúlias, 40 apresentações e lançamentos de livros, 40 espetáculos e concertos, 21 exposições, 18 sessões de leitura e poesia e 14 mesas de autores.