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Ministro da Educação admite que falta de professores tem impacto nos 'rankings'

O ministro da Educação defendeu no Porto que a leitura que é feita dos ‘rankings’ das escolas “deve ser mais cuidada” e admitiu que a falta de professores tem impacto nos resultados conhecidos


Autor: Lusa/AO Online

“Nós não temos dúvidas [de que a falta de professores tem impacto no sucesso escolar]. Não é por acaso que definimos como uma prioridade reduzir o elevado número de alunos sem aulas por períodos prolongados e até ao final da legislatura tínhamos definido como objetivo acabar, de facto, com os alunos sem aulas”, disse.

E acrescentou: “Temos de ter professores para todos os alunos e depois temos de ter um apoio aos alunos que têm dificuldades e que perderam aprendizagens para recuperarem essas aprendizagens”.

“A OCDE chama a atenção para isso. E em Portugal, o problema que nós temos é que, de facto, as escolas que nós identificamos como carenciadas, onde estruturalmente é difícil fixar professores, têm mais dificuldade em garantir as aprendizagens”, sustentou Fernando Alexandre.

Sobre os resultados da auditoria para identificar quantos alunos ficaram sem aulas este ano letivo, o ministro disse não ter ainda os resultados definitivos, aguardando a sua divulgação ainda este mês.

Ressalvou que é preciso ter em atenção quantos alunos estão sem aulas há três meses ou há seis meses ou quando são alunos que, por exemplo, não tiveram aulas nessa semana porque houve pessoas que se reformaram ou pessoas que ficaram doentes.

“O impacto nas aprendizagens é completamente diferente. E é essa informação que nós procuramos”, disse, explicando que o sistema de informação do Ministério está mais focado na colocação de professores e não na identificação dos alunos que estão sem aulas.

Na opinião do ministro, isso é também “revelador da importância que tem sido dada ao problema”: “Se nós quisermos enfrentar o problema, nós temos que medir bem o problema”.

Segundo Fernando Alexandre, “a maior parte das escolas garante que não há alunos sem aulas”, o que se deve às medidas do Governo, nomeadamente a facilidade de contratação ou as horas extraordinárias.

“Nós introduzimos 15 medidas, mais o apoio à deslocação, que beneficia neste momento mais de 2.500 professores”, afirmou.

Ainda sobre os ‘rankings’, o ministro salientou que “os resultados na educação são o resultado de um percurso dos alunos, que começa no pré-escolar” e “a qualidade depende do investimento que é feito ao longo de décadas”.

“Ora, quando nós não conseguimos sequer garantir um quadro de professores, nós não estamos a conseguir garantir as condições mínimas para que os alunos tenham uma aprendizagem contínua, consistente, que depois obviamente se vai refletir nos resultados que eles têm, quer nos exames nacionais, que estão hoje refletidos nos ‘rankings’, quer nas taxas de reprovação e de abandono”, salientou o ministro.

Fernando Alexandre, que falava aos jornalistas à margem do Fórum Nacional de Clubes Ciência Viva na Escola, no Porto, pediu também cautela na leitura dos ‘rankings’, defendendo que “não devem ser feitas comparações entre escolas com alunos de um contexto socioeconómico muito favorecido com outras que “não conseguem, por exemplo, fixar professores”.

“Nós disponibilizamos a informação e os ‘rankings’ são construídos pelos ‘media’, pelos jornais, pelos investigadores. É fundamental libertar esta informação porque ela dá uma indicação sobre aquilo que é a evolução do nosso sistema educativo e dos resultados que são alcançados”, mas “o problema do ‘ranking’ é quando não é feita uma comparação entre escolas tendo em atenção o contexto socioeconómico dos alunos”, disse.