Ministro da Defesa diz que informou ONU em 2020 sobre suspeitas de tráfico por militares portugueses
8 de nov. de 2021, 17:15
— Lusa/AO Online
“Informei [a ONU] de que a
denúncia tinha ocorrido, que o assunto tinha sido encaminhado para as
nossas autoridades judiciais e que todos os elementos pertinentes tinham
sido entregues para investigação judiciária. E também, naturalmente,
que os militares sob suspeita já não estavam na RCA e que portanto
podiam ter toda a confiança em relação às nossas Forças Armadas como
sempre tiveram”, adiantou João Gomes Cravinho, em declarações à agência
Lusa. Gomes Cravinho disse ter sido
informado sobre as suspeitas de tráfico de diamantes e ouro em missões
na República Centro-Africana por militares portugueses em dezembro de
2019 pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA),
almirante António Silva Ribeiro, que lhe falou da sua intenção de
comunicar à Polícia Judiciária Militar (PJM) os casos.Já “nos primeiros meses” de 2020, o ministro disse ter informado a ONU da situação.O
governante garantiu ainda que “aqueles cujos nomes tinham sido
indicados como suspeitos já não regressaram à RCA em missões
posteriores”, vincando que “os militares denunciados já não estavam na
RCA na altura da denúncia”.Questionado
sobre a possível dimensão do caso, o ministro adiantou que a informação
que lhe foi dada em dezembro de 2019 "dizia respeito a dois militares"."Eu
hoje vejo pelas notícias que houve 10 militares ou ex-militares que
foram detidos, mas não tenho mais informação do que isso. Tudo indica
que se trata de atividades assumidas a título individual por alguns
militares e não por algo que tenha qualquer tipo de natureza sistémica",
sustentou.João Gomes Cravinho indicou
que, para já, estão em causa apenas suspeitas, apesar de considerar
"profundamente lamentável que haja este tipo de alegações em relação a
militares portugueses”.“Muito importante
também sublinhar que os procedimentos estabelecidos para lidar com este
tipo de situação, com desvios de natureza criminal nas Forças Armadas,
esses procedimentos foram entabulados de imediato, ou seja, tendo havido
denúncias de irregularidades, essas denúncias foram imediatamente
encaminhadas para a Polícia Judiciária Militar, que por sua vez fez o
seu trabalho”, adiantou.