Ministro alerta para degradação de residências universitárias com apenas alunos carenciados
16 de dez. de 2025, 18:13
— Lusa/AO Online
“Vamos
ter residências todas renovadas, que daqui a cinco anos vão estar todas
degradadas”, afirmou o ministro da Educação, Ciência e Inovação,
Fernando Alexandre, durante a cerimónia de apresentação do novo modelo
de ação social para o ensino superior, que decorreu no Teatro
Thalia, em Lisboa.Para Fernando Alexandre é
por “colocar na residência universitária os estudantes dos meios mais
desfavorecido que se degradam”, acrescentando que “o que vai acontecer
às residências depende das universidades e politécnicos, mas também
depende dos estudantes”.O ministro revelou que tinha apresentado no início do mês uma proposta aos reitores,
presidentes dos politécnicos e estudantes que previa atribuir o mesmo
valor para alojamento a todos os estudantes deslocados numa mesma
cidade. A ideia era dar liberdade aos alunos para escolher se queriam
ficar numa residência pública ou arrendar um quarto particular. “As
residências académicas devem ser espaços de integração, de bem-estar e
de promoção do sucesso escolar, e não, como são atualmente, e foram
sempre em Portugal, espaços onde são colocados os alunos de rendimentos
mais baixos”, defendeu Fernando Alexandre.O
ministro revelou hoje que queria mudar este conceito e acabar com o
"estigma" de que as residências públicas são apenas para bolseiros,
mas nem os reitores, nem os presidentes dos institutos politécnicos
gostaram da ideia e, por isso, recuou.Fernando
Alexandre reconheceu que o modelo seria um desafio para as
instituições, porque passaria a haver “quase uma concorrência” com o
setor privado, obrigando a criar espaços “suficientemente atrativos” e
as instituições temeram ficar com “quartos desocupados nas residências”.“Eu
devo dizer que se chegássemos a uma situação em que tivéssemos quartos
desocupados nas residências, seria bom sinal: Teríamos acabado com o
problema da habitação em Portugal”, defendeu em declarações aos
jornalistas, acrescentando que no próximo ano haverá mais 11 mil camas
disponíveis.Perante a oposição dos
responsáveis das instituições de ensino superior, a tutela decidiu que,
no cálculo do valor da bolsa a atribuir, haverá valores diferentes para
quem consegue vaga numa residência e quem arrenda no privado. Os
bolseiros terão sempre de concorrer para as residências e, só quando
não há vagas, podem pedir o apoio destinado a um quarto privado.Aos
jornalistas, esclareceu que a associação que fez tem a ver com “a
qualidade dos serviços públicos”: “Nós temos que manter as famílias de
todos os rendimentos a terem como prioridade o Serviço Nacional de Saúde
e a Escola Pública. Quando isso deixa de acontecer, conduz muitas vezes
a uma deterioração dos serviços”.O
ministério apresentou novidades à proposta de revisão de
regulamento das bolsas de estudo do ensino superior, que deverá passar a
incluir um apoio extra anual de 1.045 euros para os estudantes que no
ensino secundário eram beneficiários do escalão A do abono de família.A
fórmula de cálculo também deverá ser alterada por um modelo “mais justo
porque diferencia de forma mais adequada a situação económica dos
estudantes e o local onde estudam”, explicou a secretária de Estado do
Ensino Superior, Cláudia Sarrico.A nova
fórmula terá em conta “o custo real” de estudar, que é diferente
consoante o concelho onde o aluno estuda, mas também o facto de estar ou
não deslocado e o rendimento da família.Segundo
Fernando Alexandre, a bolsa máxima deverá passar a ser de 8.177 euros
anuais e as novas regras deverão entrar em vigor no próximo ano letivo.