Ministro afasta que Ensino Superior se mantenha à distância depois da pandemia
Covid-19
25 de mai. de 2020, 16:14
— Lusa/AO Online
“Vivemos um tempo
de incerteza, mas há algumas certezas e uma dessas tem a ver com a
centralidade das pessoas, com a centralidade das competências e,
certamente, que pessoas e competências exigem a presença e a interação
física”, afirmou Manuel Heitor.O ministro
participou hoje num dos debates da iniciativa “Skills 4 pós-Covid -
Competências para o futuro”, promovida pela Direção-Geral do Ensino
Superior (DGES), que teve lugar no ISCTE, em Lisboa, e reforçou a
importância de continuar a privilegiar o trabalho presencial, depois de
uma fase em que o ensino se faz à distância, devido à pandemia da Covid-19.“Usando as oportunidades que
estas crises aceleradas no tempo nos dão, podemos reforçar o
posicionamento do Ensino Superior na sociedade portuguesa, desde que
sublinhando de uma forma clara que tem de ser presencial”, considerou.Manuel
Heitor referiu que algumas instituições de Ensino Superior no Reino
Unido e nos Estados Unidos já anunciaram que o modelo de ensino remoto
se vai manter no próximo ano letivo, mas ressalvou que estas
universidades se posicionam “num mundo próprio” e, por isso, seria
ilusório acreditar que o mesmo se poderia aplicar no contexto português.“Temos
é que perceber como é que nos podemos diferenciar no contexto europeu e
perceber como é que o Ensino Superior em Portugal pode apresentar
também uma estratégia própria, valorizando a presença”, considerou o
ministro.Mantendo o olhar no futuro,
Manuel Heitor admitiu ainda que uma das principais lições a retirar da
pandemia da Covid-19 é a de que as sociedades têm de “aprender com risco
e aprender a conviver com o risco”.“O
posicionamento do Ensino Superior é particularmente oportuno para
valorizar como podemos transmitir à sociedade e aos atores sociais,
económicos e individuais, esta ideia de termos de preparar gerações para
viver com mais riscos”, sublinhou.No
debate que se centrou nas competências para o futuro e no trabalho
desenvolvido pelo ISCTE na área da ciência de dados, o ministro
considerou que, além das tecnologias em geral e da ciência de dados em
particular, as competências para o futuro devem ser, sobretudo,
transversais, passando também pelas ciências sociais e humanas.Esta
vertente foi também valorizada pelo ex-governante e atual presidente
executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, que considerou que,
apesar das transformações introduzidas pela pandemia no mercado de
trabalho, há um conjunto de competências que se mantêm.“Não
é com o Covid-19 que muda tudo e nós continuamos a precisar das
características de sempre das pessoas”, considerou, referindo-se às
chamadas ‘soft skills’, como a resiliência, a motivação e a capacidade
de liderança.A iniciativa Skills 4
pós-Covid foi lançada no início de maio, com o objetivo de reforçar e
valorizar a resposta conjunta dos sistemas de ciência e Ensino Superior
aos desafios impostos pela pandemia.