Ministro acusa farmacêuticos de adiarem tratamentos oncológicos, sindicato rejeita críticas
26 de out. de 2022, 11:29
— Lusa/AO Online
Em
declarações à Lusa, Manuel Pizarro apelou ao “compromisso ético dos
farmacêuticos” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando que "os
doentes oncológicos não podem ser usados num processo de luta laboral,
seja qual for esse processo e a sua legitimidade”.Contactado
pela Lusa, Henrique Reguengo, presidente do Sindicato Nacional dos
Farmacêuticos, que convocou uma greve dos farmacêuticos do SNS em curso,
disse estar a recolher informação sobre eventuais adiamentos de início
de tratamentos, garantindo que todos os pedidos recebidos pelas
farmácias hospitalares tiveram resposta.Acrescentou ainda que, a ter acontecido, o adiamento foi uma decisão dos médicos ou da direção clínica dos hospitais.O
responsável disse ainda não ver problema nos adiamentos, se tiverem
acontecido em situações em que o tratamento poderia arrancar dois ou
três dias depois sem consequências para a saúde do doente. Em
declarações à Lusa, Manuel Pizarro pediu desculpas aos doentes que
terão visto o início do tratamento adiado, considerando que estão “já
fragilizadas pela doença”.“Naturalmente,
lamento profundamente que alguns doentes oncológicos tenham visto adiado
o início do seu tratamento em função da greve dos farmacêuticos. E,
enquanto ministro da Saúde, eu peço desculpa a essas pessoas, que, já
fragilizadas pela doença, acabam por se sentir inevitavelmente mais
inseguras nestas circunstâncias. Essas pessoas têm a minha total
solidariedade”, afirmou.Manuel Pizarro
sublinhou que “não está em causa o direito que os farmacêuticos têm de
defender aquilo que são os seus direitos laborais e, em última
instância, de fazer greve”, mas defendeu que “esse direito não se pode
sobrepor ao dever ético de tratar pessoas com uma doença grave que estão
numa situação muito vulnerável”.Os
farmacêuticos do SNS cumprem hoje o segundo dia de greve, uma
paralisação que se repetirá nos dias 15 e 16 de novembro, pela revisão e
atualização das grelhas salariais e contagem integral do tempo de
serviço no SNS para a progressão na carreira.Além
da valorização profissional e da contagem integral do tempo de serviço
no SNS para efeitos de promoção e progressão na careira, o sindicato
exige também a vinculação efetiva dos farmacêuticos a exercer no Serviço
Nacional de Saúde (SNS) com contratos precários e a adequação do número
de profissionais às reais necessidades e complexidade das atividades
desenvolvidas.Questionado pela Lusa sobre
se a equipa ministerial estaria disponível para responder a algumas
destas reivindicações, Manuel Pizarro respondeu: “Em relação aos
farmacêuticos e em relação a todos os profissionais, nós estamos
absolutamente disponíveis para negociar, o que não me parece razoável,
como princípio de negociação, é a realização de uma greve, quando é
sabido por todos, e também seguramente pelos farmacêuticos, que esta
equipa ministerial tomou posse a escassas há escassas semanas”, afirmou.O
governante sublinhou que “não está em causa a utilização do direito à
greve”, mas insistiu: “acho que é difícil encontrar razoabilidade numa
forma de luta que põe em causa os doentes mais vulneráveis, que são os
grandes oncológicos”.“Repito, insisto no meu apelo ao compromisso ético dos farmacêuticos do SNS”, acrescentou.