Ministra realça que Portugal apoia Ucrânia sem esquecer África, Mediterrâneo e Atlântico
18 de nov. de 2022, 14:21
— Lusa/AO Online
“Na segunda-feira, a União
Europeia aprovou o lançamento da nova missão de assistência para treinar
militares ucranianos em solo europeu, na qual Portugal vai participar
ativamente. No entanto, faremos questão de corresponder a esta
contribuição com as nossas obrigações e expectativas em curso noutras
áreas de interesse nacional, tais como África, o Atlântico ou o
Mediterrâneo”, afirmou a governante. Helena
Carreiras falava na 4ª edição do Seminário da Defesa Nacional, que teve
início na quinta-feira e termina hoje, no Instituto de Defesa Nacional
(IDN), em Lisboa, focado na revisão do Conceito Estratégico.Numa
intervenção em inglês, a ministra abordou a guerra na Ucrânia,
lembrando o apoio que tem sido dado a este país – nomeadamente em
material militar - mas ressalvou que esta resposta não pode ser apenas
uma reação a eventos imediatos. “Deve
igualmente ter em conta uma visão mais abrangente do impacto que este
conflito carrega para a nossa existência como parte de uma comunidade
com valores e princípios partilhados”, salientou. Helena
Carreiras acrescentou que a resposta aos desenvolvimentos no Leste da
Europa “não se pode restringir às consequências da guerra por si só”.“Estamos
cientes da dimensão de novas ameaças que podem surgir de cenários em
rápida mudança, como os que emanam do domínio cibernético, da competição
geopolítica no espaço, da necessidade de proteger infraestruturas
críticas ou das amplas consequências das alterações climáticas. Devemos
permanecer vigilantes em todos os aspetos e estar prontos para
incorporar totalmente estas questões e suas diferentes implicações no
nosso respetivo planeamento”, defendeu. A
ministra referiu que atualmente o Conceito Estratégico de Defesa
Nacional está a ser revisto por um conselho presidido pelo antigo
ministro Nuno Severiano Teixeira, num total de 21 membros e que terá de
apresentar conclusões até janeiro do próximo ano. Paralelamente,
referiu, o Instituto de Defesa Nacional (IDN) tem organizado um ciclo
temático de eventos sobre o tema e, no seminário que termina hoje, o
programa inclui debates nos quais se comparam conceitos estratégicos de
outros países, como Reino Unido, Países Baixos, Dinamarca, Espanha e
Alemanha. Para Helena Carreiras é
relevante ver de que forma outros países conseguiram incorporar nos seus
conceitos “dinâmicas envolventes sem perder o foco em prioridades
nacionais”.“O contexto em que vivemos
requer mudanças significativas nas nossas estratégias e políticas, nos
nossos investimentos e capacidades, e na nossa compreensão do novo
ambiente estratégico”, rematou.Proposta em
agosto passado pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, a
pedido das forças ucranianas, a missão de treino da UE tem como objetivo
treinar, em solo europeu – designadamente na Alemanha e na Polónia –,
cerca de 15 mil militares ucranianos.Esta
missão - na qual Portugal vai participar "com até 20 militares" - terá
um mandato inicial de dois anos e um orçamento de mais de 100 milhões de
euros.