Ministra quer reforma “cirúrgica” da PAC e espera "grande acordo"
UE/Presidência
16 de jun. de 2021, 17:43
— Lusa/AO Online
“Não
estamos em tempo de fazer grandes reformas, mas reformas objetivas e
cirúrgicas, que possam, rapidamente, ser apresentadas e que se traduzam
em resultados”, afirmou Maria do Céu Antunes, no encerramento da
Conferência Interparlamentar sobre Desenvolvimento Rural, Agricultura e
Coesão Territorial, organizada no âmbito da presidência portuguesa do
Conselho da União Europeia. A
líder do Ministério da Agricultura garantiu iniciar “com expectativa”
os últimos 15 dias da presidência portuguesa, tendo em vista firmar um
“grande acordo” sobre a reforma da PAC. Fazendo
um balanço do último semestre, a governante destacou a quase total
conclusão do regulamento horizontal da PAC, onde o modelo de desempenho
introduz uma maior simplificação, bem como o avanço negocial do
regulamento da organização comum do mercado, no qual foi atingido “um
equilíbrio em relação ao setor do vinho”. No
entanto, estão por fechar algumas questões, como a componente de apoio
financeiro para os regimes económicos e as medidas de ambiente e clima,
que a ministra portuguesa espera concluir até ao final do mês, com o
apoio do Parlamento e da Comissão Europeia.Por
sua vez, o comissário europeu para a Agricultura, Janusz
Wojchiechowski, considerou que este é “um momento decisivo para o futuro
da agricultura na Europa”, esperando que seja possível alcançar “um
grande acordo” nas próximas duas semanas. Agradecendo
o trabalho de Maria do Céu Antunes ao longo da presidência portuguesa,
Wojchiechowski disse ser necessário implementar as questões climáticas e
ambientais, que defendeu serem “desafios importantes”. O comissário notou ainda que, entre 2004 e 2014, a Europa perdeu cerca de quatro mil pequenos agricultores. Já
o presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do
Parlamento Europeu, Norbert Lins, sublinhou ser necessário, no âmbito
desta reforma, ter em conta as condições geográficas de cada país.“Uma Política Agrícola Comum tal como foi desenhada nas últimas décadas não pode continuar, tem de ser alterada”, apontou. No
encerramento da sessão, o presidente da comissão parlamentar de
Agricultura e Mar de Portugal, Pedro do Carmo (PS), pediu uma “visão
arrojada”, que responda aos problemas que persistem no setor.“Somos
parte de realidades diversas, com diferentes níveis de desenvolvimento
rural, culturas e interesses, mas julgo estar certo de que partilhamos o
sonho e a ambição de ter uma agricultura mais sustentável”, disse o
também deputado. Pedro
do Carmo referiu que, face aos desafios impostos pela pandemia de
covid-19, a agricultura e o mundo rural “disseram: presente”,
acrescentando que a PAC tem de ter preocupação com a sustentabilidade
das pessoas e dos territórios, possibilitando investimentos que
contribuam para a produção de bens e para gerar postos de trabalho.“A
Europa e os seus Estados-membros precisam de toda a capacidade
produtiva do mundo rural para enfrentar os desafios de sempre e as novas
realidades. Não deixar ninguém para trás e tudo fazer pelo reforço da
coesão e inversão das tendências negativas são apenas dois dos nossos
grandes desafios”, concluiu. A
PAC 2021-2027 é composta por três regulamentos: os regulamentos dos
planos estratégicos, da governação horizontal – financiamento, gestão e
acompanhamento da PAC –, e da organização comum do mercado de produtos
agrícolas.Depois
da tentativa falhada de fechar a PAC em maio, a ministra Maria do Céu
Antunes tem agora a última oportunidade de cumprir o objetivo que traçou
para a presidência portuguesa da UE e concluir um acordo em 28 de
junho, no último conselho a que preside e dois dias antes do fim do
semestre português.A
nova PAC deverá entrar em vigor em 01 de janeiro de 2023 depois de os
Estados-membros terem os respetivos planos estratégicos aprovados pela
Comissão Europeia, vigorando este ano e no próximo um regime
transitório.