Ministra quer mais 25.000 militares para conter violência e pilhagens
África do Sul
15 de jul. de 2021, 12:27
— Lusa/AO Online
A
governante sul-africana, que se reuniu online com o Comité Conjunto de
Defesa do Parlamento, na noite de quarta-feira, sobre a atual situação
da insegurança que prevalece pelo sétimo consecutivo no país, referiu
que o reforço militar aguarda aprovação do Conselho Nacional de
Segurança e do Presidente da República, Cyril Ramaphosa.“Submetemos
agora mesmo um pedido para sejam destacados cerca de
25.000 militares. Estamos a tentar encontrar uma solução de meio termo
entre os 75.000 [proposta dos partidos da oposição] e os 10.000 efetivos
propostos pelo Presidente da República e por isso vamos começar com os
25 mil”, disse a ministra da Defesa. A Força Nacional de Defesa (SANDF, na sigla em inglês) convocou todos os militares na reserva, noticiou a imprensa local.Por
seu lado, a ministra em exercício na presidência sul-africana,
Khumbudzo Ntshavheni, disse, em comunicado, que 5.000 militares se
encontram no terreno para conter os distúrbios violentos, saques e
intimação que se intensificaram pelo sétimo dia consecutivo em Gauteng e
KwaZulu-Natal, alastrando-se a outras regiões do país.“Atualmente,
há 5.000 membros da SANDF já no terreno. Os agentes da polícia,
apoiados pelos militares, estão a trabalhar incansavelmente para
garantir que o país retorne à paz e estabilidade e que os responsáveis
pela instabilidade sejam rapidamente levados à Justiça”, referiu.Um
primeiro contingente de 2.500 efetivos das Forças Armadas (SANDF, na
sigla em inglês) foi destacado na segunda-feira em várias áreas de
Gauteng e KwaZulu-Natal para ajudar a Polícia a conter ações violentas
aparentemente relacionadas com protestos de simpatizantes do Congresso
Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), contra a prisão do
ex-Presidente Jacob Zuma e ex-líder do partido no poder, do qual
Ramaphosa é também presidente.Todavia, o
número de efetivos militares e policiais mostrou-se aparentemente
insuficiente para conter as ações violentas de pilhagem, vandalismo e
intimidação no terreno.O Governo continuou
a exortar os sul-africanos à calma e a resistirem a qualquer
tentativa de incitamento à violência ou alimentar divisões no país.No
KwaZulu-Natal, os residentes uniram-se em grupos armados depois de mais
uma noite de tumultos, saques e vandalismo, nomeadamente no norte da
cidade portuária de Durban, onde as pessoas procuram desesperadamente
por abastecimentos alimentares, segundo a imprensa local no litoral do
país.Pelo menos 32 estabelecimentos de ensino foram saqueados e vandalizados, segundo as autoridades de Ensino no KwaZulu-Natal.Em
várias partes da Grande Joanesburgo, já não existe combustível e a
escassez de alimentos e bem essenciais é visível nas prateleiras das
grandes superfícies, relataram à Lusa vários residentes.Na quarta-feira, em reunião com o
Presidente Ramaphosa, os partidos políticos com assento parlamentar
caraterizaram a situação no país como “um atentado à ordem democrática
que exigia uma resposta multifacetada a longo prazo, face aos profundos
níveis de desemprego e pobreza”, destacando no imediato o reforço no
terreno dos efetivos militares das Forças Armadas.As
críticas à reposta do Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na
sigla em inglês) do Presidente Cyril Ramaphosa, que é também presidente
do partido no poder na África do Sul desde 1994, sobem agora de tom após
uma semana de violentos tumultos.“Poderá
ser isto uma admissão de culpa do nosso Governo de que as nossas forças
de segurança são inadequadas”, questionou um cidadão sul-africano na
rede social Twitter, acrescentando: “Primeiro destacam 2.500, depois
5.000 e agora 25.000…era realmente necessário ocorrerem protestos em KZN
e Gauteng antes de Cyril Ramaphosa e o seu Governo do ANC colocarem a
África do Sul em primeiro plano”.O Aliança
Democrática (DA, na sigla em inglês), principal partido na oposição,
instou o governo a garantir que o reforço militar seja utilizado para
proteger a segurança das cadeias de distribuição alimentar, médica e de
combustível no país.Pelo menos 72 pessoas
morreram e cerca de 2.400 foram detidas até quarta-feira em distúrbios
violentos, saques e ações de intimidação, na África do Sul, depois da
prisão do antigo chefe de Estado por desrespeito a uma ordem do Tribunal
Constitucional, na passada quarta-feira à noite, divulgou a Polícia
sul-africana.Estima-se que vivam cerca de
450.000 portugueses e lusodescendentes na África do Sul, mas segundo o
Governo não há cidadãos nacionais entre as vítimas, havendo apenas
registo de danos materiais, sobretudo em estabelecimentos comerciais
propriedade de portugueses.