Ministra promete “trabalho árduo” para consenso entre 27 sobre salários mínimos
UE/Presidência
23 de fev. de 2021, 18:32
— Lusa/AO Online
“Vamos
trabalhar arduamente para encontrar um bom texto de compromisso no
Conselho que permita manter a proposta ambiciosa, mas acomodando as
preocupações dos Estados-membros”, afirmou Ana Mendes Godinho.Falando
numa audição na comissão de Emprego e Assuntos Sociais do Parlamento
Europeu sobre as prioridades da presidência portuguesa da UE, a
responsável observou que esta diretiva sobre salários mínimos europeus
“é uma componente importante do Pilar dos Direitos Sociais”.A
liderança portuguesa da União irá por isso, de acordo com a ministra do
Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, trabalhar num “equilíbrio
entre vários interesses e posições dos Estados-membros”, estando de
momento a aguardar a “análise dos serviços jurídicos do Conselho”.Respondendo
a questões dos eurodeputados, Ana Mendes Godinho apontou também a
“experiência portuguesa do que foi a evolução do salário mínimo”, que
tem vindo a aumentar em Portugal.A
definição de um salário mínimo europeu justo e digno é um dos elementos
da negociação do plano de ação do Pilar dos Direitos Sociais, que
Portugal quer ver aprovado durante a sua presidência da UE, apesar das
divergências entre os 27.O Pilar Social é
um texto não vinculativo para promover estes direitos na Europa e no
qual, além de outras questões, é feita uma referência à remuneração,
defendendo que “os trabalhadores têm direito a um salário justo que lhes
garanta um nível de vida decente”.Em
outubro passado, a Comissão Europeia apresentou uma proposta legislativa
sobre os salários mínimos europeus, mas admitiu dificuldades nas
negociações no Conselho.Por essa razão, a
instituição assegurou não querer impor valores aos países, mas antes
indicadores para garantir uma qualidade de vida decente aos
trabalhadores.Os tratados reconhecem a
competência de cada Estado-membro na fixação de salários, mas a Comissão
recorreu a uma interpretação flexível que integra o salário nas
condições de trabalho.Atualmente, 21
Estados-membros têm um salário mínimo definido por lei, enquanto nos
restantes seis - Áustria, Chipre, Dinamarca, Finlândia, Itália e Suécia –
tal só existe através de negociação coletiva.São
sobretudo estes seis países que se opõem ao conceito, mas contra a
proposta estão também associações patronais, que argumentam que a
diretiva pode vir a pôr em causa a viabilidade das empresas europeias,
já fortemente afetadas pela crise da covid-19.Bruxelas já afastou completamente a ideia de um salário mínimo igual em todos os 27.Dados
divulgados no início deste mês pelo Eurostat revelam que, no início
deste ano, o salário mínimo bruto variava entre os 332 euros na Bulgária
e os 2.202 euros no Luxemburgo, com Portugal em 10.º lugar (776 euros).