Ministra portuguesa diz que há intenção de acelerar negociações
COP30
Hoje 12:55
— Lusa/AO Online
"Há
aqui uma intenção para andar depressa", disse Maria da Graça Carvalho
ao final do segundo dia do segmento de alto nível da conferência das
alterações climáticas da ONU (COP30).Segundo
a governante portuguesa, a presidência da COP30 prometeu enviar na
quarta-feira, ao princípio da manhã ou de madrugada, um documento que se
espera que seja "muito perto do final".Questionada
sobre uma das questões mais delicadas, a referência ou não à criação de
um roteiro para dar seguimento ao objetivo de reduzir progressivamente
os combustíveis fósseis, definido na penúltima COP, a ministra recordou
que o Presidente brasileiro, Lula da Silva, "disse publicamente que
gostava" que o roteiro para o 'phasing out' dos combustíveis fósseis até
2030 fosse uma das conclusões desta conferência."Nós
temos estado à espera que haja uma proposta da presidência sobre esse
assunto. E não a houve ainda. Há iniciativas de outros países e não sei
se eles estão à espera de ver a adesão a essas iniciativas, que são um
bocadinho laterais à negociação", afirmou Maria da Graça Carvalho.Mas,
para a ministra portuguesa, é diferente aderir a um processo que é
dirigido pela Presidência, do que a um processo que neste momento é
liderado pela Colômbia.A Colômbia
apresentou um documento, que intitulou "Declaração de Belém sobre o
abandono dos combustíveis fósseis", em que defende a criação de um
roteiro para o fim progressivo dos combustíveis fósseis e propõe uma
conferência internacional em abril do próximo ano para avançar neste
diálogo.A proposta já terá sido apoiada
por dezenas de países, mas Portugal, apesar de apoiar a criação desse
roteiro, não se juntou à iniciativa: "É diferente ser a presidência da
COP, há toda a legitimidade, há todas as consultas, E portanto nós
estávamos a aguardar que isto entrasse no circuito formal da
negociação".Numa declaração enviada aos
jornalistas sobre um eventual roteiro para o abandono dos combustíveis
fósseis, o comissário europeu da ação climática, Wopke Hoekstra, disse
ser "positivo que esta agenda esteja a ser levada adiante"."A
nossa transição energética na UE está a afastar-nos dos combustíveis
fósseis, o que tempos feito e continuaremos a fazer. É ótimo que outros
também vejam mérito nisto. Esperamos fazer uma coligação tão ampla como
possível sobre isto.", acrescentou.A
necessidade de uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis
foi mencionada oficialmente pela primeira vez há dois anos na COP28 no
Dubai, mas não ficou claro como nem quando.Perante
esta lacuna, Lula da Silva lançou na abertura da COP30 a ideia de um
roteiro e o primeiro rascunho de texto apresentado hoje pelo Brasil
apresenta como uma das opções a serem negociadas a criação de uma "mesa
redonda ministerial" para apoiar os países no desenvolvimento desses
roteiros para "superar gradualmente a sua dependência dos combustíveis
fósseis".