Ministra espanhola fala em "deterioração maiúscula" do Governo de Sánchez
12 de dez. de 2025, 17:42
— Lusa/AO Online
"Assim não é possível continuar", disse Yolanda Díaz, numa entrevista na televisão La Sexta.A
ministra e uma das vices presidentes do Governo referia-se à sucessão
de notícias sobre suspeitas de corrupção e de assédio sexual a mulheres
que envolvem atuais e antigos dirigentes do Partido Socialista (PSOE),
incluindo um ex-ministro (José Luis Ábalos) e um ex-funcionário da
Presidência do Governo (Francisco Salazar), ambos, como outros nomes,
considerados durante anos dos políticos mais próximos e de confiança de
Sánchez.Nos casos relacionados com assédio
sexual há ainda relatos de mulheres que se queixaram nos canais criados
para esse efeito no PSOE de terem sido ignoradas ou de o partido ter
demorado meses a contactá-las. "A
deterioração é maiúscula, é a corrupção, é o machismo", sublinhou
Yolanda Díaz, que disse já ter falado com Pedro Sánchez e pediu "medidas
imediatas" face a uma "situação muito complicada e insuportável"."O
Governo tem de ser reformulado de maneira radical, de cima a baixo" e é
preciso negociar e acordar no parlamento um novo plano de "regeneração
democrática", que previna e combata a corrupção, defendeu.Questionada
sobre o que fará o Somar (esquerda) caso Sánchez não responda a este
apelo do parceiro de coligação governamental, Yolanda Díaz disse que o
partido "tomará as decisões que tiver de tomar, mas esta mudança tem de
se produzir".A ministra disse que o PSOE e
a liderança do Governo "têm de dar explicações" e garantiu que se fosse
primeira-ministra falaria ao país sobre as polémicas que se estão a
suceder."Governar não é resistir", disse
Yolanda Díaz, que pediu a Sánchez para atuar e alertou que este tem de
ser "um ponto de viragem", que é preciso "uma limpeza de cima a baixo" e
que há "desolação" entre as mulheres, que representaram 56% do
eleitoral do PSOE nas últimas eleições legislativas nacionais, em julho
de 2023."Acabaram-se as reflexões, as reformas cosméticas", acrescentou, dizendo que o que está a acontecer é "uma indecência". Sánchez
já pediu desculpa por diversas vezes nos últimos meses pelos casos de
corrupção que envolvem ex-dirigentes socialistas e assumiu esta semana,
durante um debate parlamentar, erros na gestão das queixas de assédio
sexual que chegaram ao PSOE."O feminismo
dá-nos lições todos os dias e a mim em primeiro lugar", afirmou,
garantindo que assume "os erros" e atua "em consequência", ao contrário
da oposição de direita e de extrema-direita.Pedro
Sánchez é primeiro-ministro desde 2018 e chegou inicialmente ao Governo
com uma moção de censura ao então executivo de direita do Partido
Popular (PP) por causa de diversos casos de corrupção.A
luta contra a corrupção e o feminismo são precisamente dois pilares do
discurso de Sánchez e do PSOE, sublinham agora analistas políticos e
editoriais na imprensa face às sucessivas polémicas que estão a envolver
os socialistas espanhóis e o Governo.Sánchez
foi reeleito primeiro-ministro pelo parlamento espanhol em novembro de
2023, depois das eleições de julho do mesmo ano, por uma geringonça de
oito partidos de esquerda e direita, incluindo forças nacionalistas e
independentistas do País Basco e da Catalunha. Um
desses partidos, o Partido Nacionalista Basco (PNV, conservador),
assumiu hoje, através da líder parlamentar, Maribel Vaquero, que vê que o
Governo "está em choque" e não sabe "quanto tempo vai poder aguentar a
crise", apostando em eleições antecipadas em 2026.