Ministra em convergência com magistraturas para retoma da atividade dos tribunais
Covid-19
6 de mai. de 2020, 17:56
— Lusa/AO Online
Francisca Van Dunem
falava aos jornalistas no final de uma reunião no Ministério da Justiça
com os representantes institucionais da magistratura, entre os quais o
presidente do Supremo Tribunal de Justiça, a presidente do Supremo
Tribunal Administrativo (STA), a procuradora-geral da República (PGR).
Participou ainda o secretário de Estado Adjunto e da Justiça.Segundo
a ministra, as questões discutidas na reunião, que durou perto de três
horas, prendem-se com o retomar da atividade normal dos tribunais, o que
deverá acontecer ainda este mês, com alterações em matéria de suspensão
de prazos judiciais e de realização de diligências e atos judiciais
presenciais.De acordo com Francisca Van
Dunem, a reunião serviu também para discutir as medidas e políticas que
deverão ser postas em prática no reinício do funcionamento dos tribunais
e as medidas de "natureza gestionária" associadas à retoma da
atividade, que incluem a proteção e segurança dos intervenientes para
evitar contágio por covid-19.O Governo visou assim definir as linhas de ação futuras tanto na perspetiva legislativa como na gestionária.No
final da reunião, a ministra realçou que o princípio base é o de que é
preciso retomar a atividade normal dos tribunais porque estes órgãos de
soberania "estão no centro de resposta" que é necessário dar às pessoas e
às empresas que estão a atravessar a crise provocada pela pandemia. A
este propósito, anteviu que o contencioso com o Estado e outro tipo de
processos deverão entrar em maior número dos tribunais na reabertura
prevista.Quanto ao retomar da atividade
dos tribunais, a ministra referiu que será feito em "dois moldes",
através de atos presenciais obrigatórios, ou seja, com a presença física
das pessoas, e à distância, conforme já acontece atualmente, por via de
dispositivos tecnológicos."Temos que
concretizar aquilo que é o objetivo de todos: ver os tribunais retomar a
atividade, mas com condições sanitárias", disse Francisca Van Dunem,
precisando que tais medidas passam pela higienização de espaços e
equipamentos e pelo distanciamento físico, que será de dois metros.
Quando não for possível a separação de dois metros, haverá outros
mecanismos de segurança.Tudo isto -
observou - vai obedecer a uma regra: "Ninguém poderá entra nas
instalações de um tribunal sem ter uma máscara" de proteção.A
ministra reiterou a ideia de que o Ministério da Justiça facultará
máscaras aos funcionários judiciais e aos magistrados dos tribunais, mas
que cabe aos advogados, como profissionais liberais que são, comprarem a
proteção que irão usar numa diligência ou ato processual. No
entender de Francisca van Dunem, não cabe ao contribuinte português
estar a pagar aquilo que um profissional liberal vai usar no seu
trabalho e que pode ser debitado ao cliente ou constituinte.Quanto
ao ‘timing’ para os tribunais retomarem a atividade normal e haver a
alteração relativa à suspensão dos prazos processuais, a ministra
referiu que "tudo depende do parlamento", mas previu que, o mais tardar
dentro de uma semana, a Assembleia da República definirá a data desse
regresso à normalidade na atividade dos tribunais.Também
hoje, o Ministério da Justiça emitiu um comunicado em que menciona que
"a retoma da normalidade possível implica o envolvimento ativo de todas
as funções do Estado", justificando que os tribunais assumem uma
dimensão central, enquanto garantes da tutela jurisdicional dos direitos
dos cidadãos. "A retoma gradual da
atividade judicial na dimensão da justiça económica é crucial para o
regular funcionamento da economia, a atividade da justiça laboral é
indispensável à garantia dos direitos dos trabalhadores, potencialmente
mais afetados no contexto de crises, a regulação de conflitos entre os
cidadãos e o Estado pressupõe o funcionamento da jurisdição
administrativa", indica o MJ.