Ministra do Interior britânica admite ter usado email pessoal várias vezes
31 de out. de 2022, 18:18
— Lusa/AO Online
A
revelação foi feita numa carta à comissão parlamentar de Assuntos
Internos para explicar as circunstâncias em que partilhou com um
deputado Conservador um documento governamental, o que resultou na sua
demissão do governo de Liz Truss a 19 de outubro. Braverman
foi reconduzida no cargo seis dias depois pelo sucessor de Truss, o
novo primeiro-ministro Rishi Sunak, o que atraiu críticas da oposição e
deputados do Partido Conservador. Na
carta, Braverman explica que o documento em causa era uma versão
preliminar de um documento oficial de quatro páginas com propostas sobre
imigração legal e ilegal, incluindo para liberalizar o atual sistema de
pontos para trabalhadores não qualificados. O
documento, vincou, "não continha qualquer informação relacionada com a
segurança nacional, os serviços de informações, a segurança cibernética
ou a aplicação da lei”, nem estava classificado como secreto. Braverman
disse ter partilhado o documento com o deputado Conservador John Hayes e
a respetiva secretária, mas que por erro enviou-o para outro
funcionário do Parlamento. A carta de sete
páginas inclui uma extensa cronologia do dia em que ocorreu o incidente
e justificações para a violação das regras, alegando que aquela foi a
primeira vez que usou o correio eletrónico pessoal para partilhar um
documento oficial com alguém fora do Governo. "Embora
o nível de risco fosse baixo, o documento não dissesse respeito a
questões de segurança nacional ou de aplicação da lei e a violação tenha
sido rápida e proativamente comunicada aos funcionários, decidi, no
entanto, assumir toda a responsabilidade, apresentando a minha
demissão”, argumentou.A ministra explicou
também que o envio de documentos oficiais para o e-mail pessoal foi uma
forma de poder continuar a trabalhar enquanto usava o telemóvel de
trabalho em videoconferências. "Lamento os
erros de juízo acima expostos”, escreve, mostrando-se "contente por
poder voltar” ao cargo, e indicando que as questões foram discutidas com
Rishi Sunak. "Na discussão da minha
nomeação com o novo primeiro-ministro, levantei este erro e pedi-lhe
desculpa”, garantiu, tendo Braverman dado “garantias" que não voltaria a
utilizar o correio electrónico pessoal para assuntos oficiais e que
respeitaria o Código Ministerial.A
recondução da ministra na semana passada, apenas seis dias após a
demissão, foi criticada pelo Partido Trabalhista, que pediu um inquérito
sobre se o novo primeiro-ministro foi aconselhado a não escolher
Braverman devido ao sucedido e a notícias de que a ministra teria
cometido outras irregularidades. Sunak
respondeu no Parlamento que “a ministra do Interior cometeu um erro de
juízo, mas ela reconheceu-o”, e que está "encantado por tê-la num
governo unido que oferece experiência e estabilidade”. A recondução de Braverman também foi questionada por vários deputados do partido do Governo na semana passada. Em
declarações à TalkTV, o antigo presidente do partido Conservador, Jake
Berry, acusou Braverman de ter cometido "múltiplas violações" do código
dos ministros.Caroline Nokes, deputada
conservadora, disse à BBC que existiam "grandes problemas” em causa e
que estas questões deviam ser esclarecidas. Para
o deputado Mark Pritchard, enquanto responsável por questões de
segurança, a agência de inteligência "MI5 precisa de ter confiança na
ministra do Interior”.