Ministra do Ambiente diz que está a ser feito trabalho para evitar situações como Valência
27 de nov. de 2024, 18:09
— Lusa/AO Online
Maria da Graça Carvalho
visitou a sede da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e
inteirou-se do funcionamento do Centro de Controle de Inundações, que
faz a monitorização da situação no terreno através de estações de
medição, que em média são alvo de dois casos de vandalismo por semana,
segundo a responsável da APA Bina Quadrado, que apresentou o sistema.O
Sistema de Vigilância e Alerta de Recursos Hídricos (SVARH) permite
saber por exemplo o caudal dos rios e é através da monitorização
constante que se fazem os boletins de situação e se fazem alertas à
população.No final da visita a ministra
admitiu que ninguém está preparado para grandes catástrofes mas defendeu
que é possível “diminuir o impacto, prever, e dar o alerta a tempo”. “É
o que fazemos aqui”, disse a ministra, destacando a importância das
estações de monitorização que estão espalhadas por todo o país, pedindo
que as mesmas não sejam vandalizadas. O sistema tem um custo anual de
1,2 milhões de euros.A ministra deu o
exemplo das inundações mais recentes no Algarve, em que a APA informou
sobre os locais que deviam ser mais problemáticos e ela própria ligou
aos autarcas de câmaras como as de Olhão, Tavira ou Albufeira,
concluindo que “foi dado o alerta a tempo”.“É
isto que podemos fazer. Prever, reunir os dados e dar imediatamente o
alerta e é isso que fazemos o melhor possível”, disse Maria da Graça
Carvalho, destacando a rapidez com que a informação é passada, incluindo
através da rede social Whatsapp. O
presidente da APA, José Pimenta Machado, destacou também a “grande
articulação e troca de informações em tempo real entre a APA o Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e as autoridades de Proteção
Civil e Marítima, além da troca de informações com Espanha".Sobre
o que Portugal aprendeu com Valência, onde inundações provocaram pelo
menos 222 mortes há cerca de um mês, Maria da Graça Carvalho disse que
ainda está a ser apurado o que de facto aconteceu, mas referiu que a
regionalização “prejudicou um pouco as relações” na passagem de
informação, o que em Portugal não acontece.Depois
terá havido um atraso no alerta às populações, referiu a ministra,
frisando que os alertas têm de ser imediatos e lembrando que em Portugal
a população recebe muitos alertas, de acontecimentos que por vezes não
se concretizam, mas que é preferível assim.Maria
da Graça Carvalho referiu ainda outra situação em Valência, que se
relaciona com o planeamento urbano feito há muitos anos, de uma zona
muito urbanizada, de “rios emparedados”. Em Portugal, disse a ministra,
“há muito disso”, acrescentando que essas situações estão a ser
estudadas.A ministra deu o exemplo do rio
Este, afluente do Rio Ave, perto de Braga, que está a ser alargado para
que as cheias não cheguem às casas. E quando a APA diz que não se pode
construir num determinado local "não é porque a APA é uma instituição
embirrante”, avisou.A ministra disse
também que o grupo de trabalho constituído no verão sobre a gestão da
água vai apresentar em 03 de dezembro o trabalho técnico, que depois
resultará numa decisão política prévia, devendo o primeiro-ministro
anunciar as conclusões no final do ano ou no princípio do próximo. Em
relação à APA, que admitiu recentemente 149 funcionários, aumentando o
quadro de pessoal para 941, Maria da Graça Carvalho pediu mais rapidez
no trabalho e melhores explicações quando a agência recusa um projeto. Portugal
precisa de “muitos investimentos” e os promotores desses investimentos
devem ouvir da APA, além do “não”, se é possível uma alternativa, disse a
ministra. E a APA, disse também, deve ter “grande abertura” à
comunidade e, como toda a administração pública, estar disponível para
atender o telefone, responder a 'e-mails' e marcar reuniões. A
APA apresentou recentemente o mapa das 63 zonas mais problemáticas do
país em termos de cheias. Inundações foram o fenómeno natural que até
hoje provocou mais mortes, 800 pessoas, disse o presidente da
instituição.Na visita a ministra
foi também informada sobre o projeto Radnet, de planeamento e resposta a
emergências radiológicas, e do projeto Cosmo, de monitorização do
litoral, onde 180 quilómetros estão sujeitos a forte erosão.