Ministra diz que necessidade de guardas prisionais nos Açores está a ser avaliada
19 de set. de 2022, 13:16
— Lusa/AO Online
“Vamos
continuar a fazer este reforço. Este ano já tivemos um concurso, já
entraram. Neste momento, está a decorrer um outro concurso. Aquilo que
se espera é que possam chegar onde forem encontradas as necessidades”,
adiantou a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, à margem de
uma visita ao Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, na ilha
Terceira.A ministra iniciou esta segunda-feira uma
visita de três dias aos Açores, em que passará por estabelecimentos
prisionais e tribunais de cinco ilhas (Terceira, Pico, São Jorge, Faial e
São Miguel).Em frente ao estabelecimento
prisional de Angra do Heroísmo, estava esta manhã um cartaz preto,
assinado pelo Sindicato Nacional Corpo Guarda Prisional (SNCGP), que
dizia “Os guardas continuam à espera”.Questionada
pela reivindicação de reforço de guardas nos Açores, a ministra disse
que a visita servirá precisamente para fazer uma avaliação das
necessidades.“Estamos a recolher todos
estes elementos, para podermos, de forma programada, conseguir reforçar
os recursos humanos da Justiça”, afirmou.Catarina
Sarmento e Castro salientou que, nos últimos quatro anos, “entraram 400
guardas prisionais” para os estabelecimentos de todo o país.“É
um reforço para continuar, precisamente porque temos noção de que é
preciso reforçar o acompanhamento, quer do ponto de vista dos guardas
prisionais, quer também da reinserção, porque a reinserção é um fator
determinante”, apontou.Inaugurada em 2013 e
alvo de “obras de melhoria”, em 2019, a cadeia de Angra do Heroísmo é
“um estabelecimento prisional que se encontra em muito boas condições”,
segundo a ministra.Com capacidade para
acolher 370 reclusos, o estabelecimento prisional tem atualmente cerca
de 270, incluindo duas dezenas de mulheres.Cerca
de metade dos reclusos é de fora da ilha Terceira, sobretudo da maior
ilha do arquipélago, São Miguel, onde o estabelecimento prisional tem
infraestruturas mais antigas.Em julho, o
deputado do PSD à Assembleia da República Paulo Moniz enviou uma carta à
Comissária Europeia dos Direitos Humanos a pedir "atenção prioritária
das instâncias europeias" para as condições "indignas" na cadeia de
Ponta Delgada.O parlamentar descrevia que,
“num estabelecimento insalubre, desadequado e sobrelotado, vivem 166
reclusos, onde poderiam estar no máximo 141”.Questionada sobre o assunto, a ministra garantiu que a cadeia de Ponta Delgada não está, atualmente, sobrelotada.“Neste momento, não temos sobrelotação de estabelecimentos prisionais no país”, frisou.Catarina Sarmento e Castro rejeitou que a deslocação para outra ilha seja um entrave à reinserção social.“Os
Açores, apesar da insularidade, funcionam bem em rede”, afirmou,
acrescentando que é preciso garantir que os reclusos “possam continuar a
ter o acompanhamento” de reinserção profissional quando regressam à sua
ilha de residência.“Por exemplo, quando
estão a frequentar um curso de formação, essa formação, quando for
interrompida, porque há uma libertação, que possam continuar essa
formação”, explicou.A ministra da Justiça
adiantou ainda que os julgados de paz deverão ser implementados nos
Açores, com recurso às novas tecnologias, com verbas do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR).“Os
julgados de paz permitem resolver causas de baixo valor de uma forma
muito célere. Era muito importante, por exemplo, que nós pudéssemos
instituir aqui – e essa é uma das nossas prioridades – julgados de paz”,
avançou.