Ministra diz que municípios têm aumento de verbas noutros itens que não o Fundo Social Municipal
OE2021
12 de nov. de 2020, 13:07
— Lusa/AO Online
A ministra
da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão,
que tutela as autarquias, foi hoje ouvida no parlamento no âmbito da
discussão do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021).Os
deputados questionaram Alexandra Leitão acerca de reservas que levaram a
Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) a dar um parecer
negativo à proposta do OE2021 por incumprimento da Lei das Finanças
Locais, faltando a transferência de mais 51 milhões de euros para as
Câmaras relativos ao Fundo Social Municipal (FSM)."Eu
não sou muito boa a negar evidências e, portanto, não o vou fazer. De
facto, esse valor, neste momento, porque as contas são fáceis de fazer,
levaria a uma transferência em sede de FSM superior àquela que consta na
proposta de lei do OE2021", admitiu Alexandra Leitão.No
entanto, a ministra destacou que o cálculo deste fundo tem sido feito
através de uma norma transitória, "enquanto não se encontravam critérios
para as despesas", que "já não devia estar ali" e "muitas despesas que
serão cobertas pelo FSM" são despesas também incluídas "nas
transferências no quadro da descentralização em curso"."Há esse aumento das transferências por via de outros itens, que não por via do FSM", afirmou.Alexandra
Leitão considerou "absolutamente essencial rever os critérios para
determinação do FSM", salientando que foi designado um grupo de trabalho
para encontrar esses critérios, mas que, em cerca de um mês e meio,
"não conseguiu"."Não se encontrou um
critério, por exemplo, para a elegibilidade das despesas covid-19 para
efeitos do seu ressarcimento. É um trabalho, denso, complexo. (…) É um
trabalho que vamos continuar para encontrar um número, um montante, um
conjunto de critérios que nos passem a dar o valor do FSM mais
aproximado. Para cima ou para baixo", afirmou.A
ministra destacou que o OE2021 "prevê um aumento do valor das
transferências para as autarquias locais em 7% face ao ano anterior,
totalizando 226 milhões de euros" e admitiu que, "em sede de
especialidade, há melhorias que podem ser feitas". Tal
como em 2020, o OE2021 permite aos municípios utilizarem os saldos de
gerência da execução orçamental do ano anterior, logo no início de cada
ano, para que “possam iniciar projetos de investimento mais cedo”,
acrescentou.Alexandra Leitão destacou que,
para a descentralização de competências em curso para as autarquias
locais, as áreas da Educação, Saúde e Cultura têm um total atribuído de
328 milhões de euros no OE2021.Os
montantes sectoriais estão inseridos nos orçamentos dos respetivos
ministérios, mas o mapa desagregado será entregue posteriormente ao
parlamento.A esta verba acrescem cerca de
60 milhões de euros para a área da Ação Social, assim que as autarquias
assumam competências nessa matéria, depois de o diploma sectorial
relativo a esta matéria ter sido recentemente publicado.A
governante destacou ainda que, depois das eleições indiretas dos
presidentes e de um dos vice-presidentes das Comissões de Coordenação e
Desenvolvimento Regional (CCDR), o Governo vai agora “proceder à
harmonização das circunscrições territoriais da Administração
desconcentrada do Estado e à sua integração nas CCDR, designadamente nas
áreas da educação e cultura, onde faz todo o sentido que exista uma
tutela comum à escala regional”.Em
resposta ao deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim
Figueiredo, Alexandra Leitão assegurou que nenhuma destas novas
competências a atribuir às CCDR serão retiradas aos municípios.