Ministra da Saúde pede informação rigorosa em dia de notícias falsas
Covid-19
12 de mar. de 2020, 10:11
— Lusa/AO Online
A ministra falava em Lisboa
numa conferência de imprensa conjunta com a diretora-geral da Saúde, na
qual foram anunciadas as conclusões de uma reunião do Conselho Nacional
de Saúde, lidas pelo professor Jorge Torgal, membro do Conselho. Marta
Temido pediu aos jornalistas que não estimulem o alarme social
exagerado. E acrescentou depois: “Não podemos dispersar-nos atrás de
boatos. Acreditem em nós, não temos motivos para não falar verdade”.No
mesmo tom a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, alertou para o
“desconforto e ansiedade” que podem causar medidas que se tomem sem
justificação, e disse que o país “não pode ter uma epidemia ainda maior
causada pelo pânico”.“Que o medo não nos
paralise, porque as consequências do medo podem ser mais graves do que a
doença”, disse Graça Freitas, lembrando que “todos os dias morrem
dezenas de pessoas em Portugal com pneumonia bacteriana”, e alertando
que o país não pode viver nos extremos, seja em completa
irresponsabilidade seja em completa preocupação.Na
conferência de imprensa, Graça Freitas explicou que a deteção de
doentes no Hospital de Santa Maria se deveu à alteração da definição de
caso, o que levou a pesquisar-se doentes internados com pneumonia, e
disse que o procedimento do Hospital, como o do Hospital de Braga, está a
ser feito como deve ser.Apesar das
palavras de calma e de relativização da doença Covid-19, provocada por
um novo coronavírus, Graça Freitas disse que todos os dias vão haver
novos casos porque o país está em “fase crescente da epidemia”, ainda
que não seja exponencial.E a ministra da
Saúde apelou aos portugueses para que percebam “a gravidade da situação”
e que ficar em quarentena é ficar em isolamento, e ainda que “escolas
encerradas não significam férias escolares”. Graça
Freitas criticou depois o encerramento de escolas sem audição prévia
das autoridades de saúde, e disse que as escolas deviam avisar para o
isolamento social, para que os alunos não saiam da escola, “atravessem a
rua e vão para o centro comercial”.A
responsável insistiu depois nas medidas que cada cidadão deve tomar,
como as de higiene, explicou que o país está em contenção mas ao mesmo
tempo também já está a tomar medidas de mitigação, e disse que a grande
preocupação é perceber se há casos da doença em que não se encontre a
ligação epidemiológica. E admitiu que podem haver “três ou quatro
casos”.O Conselho Nacional de Saúde volta a reunir-se na próxima sexta-feira.De acordo com a Direção-Geral da Saúde, Portugal tem 59 casos de Covid-19.A
Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou hoje a doença como
pandemia, tendo em conta os "níveis alarmantes de propagação e inação":
"Podemos esperar que o número de casos, mortes e países afetados
aumente", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.Desde
dezembro, foram infetadas cerca de 117 mil pessoas em mais de uma
centena de países, mas a maioria (cerca de 63 mil) conseguiu recuperar
da doença provocada pelo novo coronavírus, que pode causar infeções
respiratórias como pneumonia.