Ministra da Saúde cria grupo de trabalho para melhorar acesso à formação médica
9 de dez. de 2019, 13:03
— Lusa/AO Online
Um despacho publicado hoje
em Diário da República, assinado pela ministra Marta Temido, vem definir
a criação do grupo de trabalho que, até ao dia 01 de abril do próximo
ano, tem de produzir um manual de regras e procedimentos do processo que
atribui idoneidade e capacidades formativas médicas nas unidades do
Serviço Nacional de Saúde (SNS).A criação
deste grupo ocorre depois de uma auditoria externa e independente ter
apontado falhas no processo, nomeadamente à Ordem dos Médicos,
considerando que a avaliação das capacidades de formação de médicos no
SNS tem sido subjetiva e pouco documentada. A
atribuição de vagas para o internato tem todos os anos por base a
definição da idoneidade e capacidade de formação dos serviços de saúde.
As vagas são abertas pelo Ministério da Saúde, mas com base na
identificação das capacidades por parte da Ordem dos Médicos.No
despacho hoje publicado, a ministra da Saúde recorda que em 2016, e
pela primeira vez, houve médicos que “não conseguiram vaga para formação
especializada”.“Até 2016, o número de
vagas disponibilizadas para formação médica especializada era idêntico
ao número de médicos candidatos a esta formação. No entanto, em 2016, e
pela primeira vez, houve médicos que não conseguiram vaga para a
formação especializada”.O grupo de
trabalho agora criado é constituído por elementos da Ordem dos Médicos,
da Administração Central do Sistema de Saúde, do Conselho Nacional do
Internato Médico e das comissões regionais do Internato Médico.A
necessidade de um grupo que crie um manual de regras e procedimentos
ocorre, indica o despacho, depois de a auditoria externa ter revelado “a
necessidade de uma maior atenção aos processos de reconhecimento de
idoneidade e atribuição das capacidades formativas”.O
relatório da auditoria, que a agência Lusa divulgou na semana passada,
aponta falhas neste processo de avaliação da idoneidade e capacidades
formativas, indicando que falta uniformização e documentação do
processo, o que aumenta a ineficiência, além de a avaliação ser
subjetiva. “Não se verificou a existência
de práticas uniformes e documentadas de revisão periódica dos critérios
de idoneidade e capacidade por parte da Ordem do Médicos. Alguns
colégios de especialidade assinalaram que existem critérios pouco
adequados face à evolução e contexto atual da sua especialidade, tendo
sido referido que os critérios se encontram em revisão “, refere o
documento.Como consequência, a auditoria
entende que pode haver diferentes avaliações dos critérios e, logo, uma
desadequação desses critérios a cada especialidade médica, podendo assim
levar a uma subjetividade na avaliação das idoneidades e das
capacidades formativas de cada serviço.A questão da subjetividade pode, segundo os auditores, “afetar ligeiramente o aproveitamento da capacidade formativa”.No
mesmo documento conclui-se que o número de jovens médicos sem acesso a
formação especializada vai aumentar porque nas atuais condições das
unidades do SNS será difícil manter o crescimento das vagas para
especialização.