Ministra da Justiça preocupada com aumento da violência doméstica
23 de jun. de 2020, 16:41
— Lusa/AO online
“A
violência doméstica, o ano passado, estava em primeiro lugar nas cifras
da criminalidade participada e, embora tenha tido um abrandamento de
participações no princípio deste ano, pelo que temos vindo a observar
pelo recurso às linhas de emergência, este ano a tendência vai
agravar-se”, afirmou Francisca Van Dunem durante uma audição regimental
na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos,
Liberdades e Garantias, revelando que, devido à crise provocada pela
pandemia por covid-19, se prevê um aumento de participações de crimes de
violência doméstica e de criminalidade informática, além de mais
execuções, ações de comércio e na área laboral.
Neste capítulo, a ministra defendeu a adoção de um instrumento que
garanta uma melhor proteção das vítimas e uma melhor interação entre as
jurisdições criminal e cível. Outro
fenómeno criminal que tem registado um aumento são os crimes praticados
em ambiente informático, nomeadamente as fraudes, cuja tendência
continua a ser de subida e que deverá continuar mesmo pós pandemia.
Segundo Francisca Van Dunem, os efeitos da crise provocada pela
pandemia irão sentir-se especialmente em três áreas judiciárias:
comércio, execuções e trabalho, garantindo, contudo, que os tribunais
“têm ainda capacidade e instrumentos suficientes para assegurar
respostas adequadas”. Na área prisional,
para a qual há três meses foi aprovada uma lei que retirou das cadeias
cerca de dois mil reclusos, para evitar a propagação de contágio pelo
novo coronavírus, a governante revelou que a aplicação da legislação
“decorreu sem sobressaltos de maior” e que foram revogados 10 perdões de
pena e 46 licenças administrativas extraordinárias.
Numa breve análise ao comportamento dos processos pendentes em
tribunal, Francisca Van Dunem referiu que há uma redução na área civil,
registando-se uma “inversão do sentido” na área penal, tutelar e social
com um aumento de casos. “O mar que se vai
abrir nas ações executivas será mais para o final do ano. Houve uma
redução de pendências na ordem dos 35% nos últimos quatro anos e por
isso temos ainda uma folga para o primeiro embate, quando for alterada a
situação de proteção dos credores”, afirmou a ministra, considerando
que a resposta que foi dada pelo governo na justiça económica “acautela
uma boa parte das necessidades no plano social (trabalhadores)”.
Em relação à aplicação das medidas de proteção no edificado dos 315
tribunais, a governante referiu que foram consideradas aptas, segundo as
normas da Direção Geral da Saúde, 755 das 824 salas de audiência.