Ministra da Justiça diz que caso de mulher baleada não gerou alarme social
17 de nov. de 2017, 12:40
— Lusa/AO online
"Eu
não diria que isso [o caso] gere um alarme social, o que posso dizer é
que, obviamente, foi um caso que seguramente o Governo já lastimou e que
não deve acontecer", disse Francisca van Dunem, respondendo a questões
dos jornalistas, à margem da sessão de abertura do XII encontro do
Conselho Superior de Magistratura, que decorre até sábado em Tavira.Apesar
de ser uma matéria que não é diretamente do domínio da área da Justiça,
a ministra referiu que aquilo que havia a fazer "foi aquilo que o
Governo fez" com a instauração de um inquérito "para apurar as condições
exatas" em que os factos ocorreram."Não
é uma matéria claramente do domínio da área da justiça, embora,
obviamente, quando estão em causa vidas humanas e situações dessa
natureza, haja uma preocupação global, uma preocupação de toda a área
governativa", declarou.O
Ministério Público (MP) está a investigar a morte de uma mulher, de
nacionalidade brasileira, baleada durante uma perseguição policial, na
Segunda Circular, em Lisboa, tendo seis polícias sido constituídos
arguidos.O
caso ocorreu na madrugada de quarta-feira, no decurso de uma operação
montada pela PSP, após o furto com rebentamento de um multibanco, em
Almada, após o qual vários agentes policiais iniciaram uma perseguição
aos suspeitos, vindo a perder-lhes o rasto.Durante
a sessão de abertura do encontro, Francisca van Dunem falou sobre os
desafios decorrentes do debate de temas da atualidade nas redes
digitais, que antes estavam confinados a ambientes privados."Ao
lado de discursos serenos e racionais, as redes sociais explodem à
convocatória para o último caso da atualidade e tanto fazem soar os
sonos da exaltação como acendem o rastilho da execração", referiu,
sublinhando que "tudo foi dessacralizado".
Para Francisca van Dunem, "as instituições tradicionais estão hoje mais
frágeis" e é neste ambiente atual que se devem enquadrar "todas as
reflexões sobre o futuro do poder judicial".