Ministra da Coesão diz ser “infeliz” declaração de pertencer a Governo centralista
15 de dez. de 2021, 13:46
— Lusa/AO Online
“As declarações que proferi ontem
(terça-feira) foram feitas num contexto muito específico, mas não deixo
de as considerar declarações infelizes, injustas para com o Governo”,
afirmou à agência Lusa Ana Abrunhosa, que referiu pertencer ao Governo
porque, precisamente, se definiu uma “verdadeira estratégia” de
descentralização.A ministra participou na
terça-feira nas comemorações dos 20 anos da classificação do Douro como
Património Mundial da UNESCO, que decorreram em Lamego, distrito de
Viseu, e no seu discurso afirmou que pertence a um dos governos “mais
centralistas que este país já teve”.“Eu
faço parte dos governos mais centralistas que o nosso país já teve, o
nosso primeiro-ministro reconhece isso, e esse centralismo acentuou-se
com a pandemia, inevitavelmente”, afirmou na ocasião. Hoje,
Ana Abrunhosa fez questão de salientar que o Governo socialista a que
pertence e que é liderado por António Costa é o “que promoveu o maior
pacote de descentralização de competências para os municípios, para as
áreas metropolitanas e para as comunidades intermunicipais (CIM),
nomeadamente municipalizou os transportes e deu às CIM e às áreas
metropolitanas as funções de autoridade de transporte”.
É também, apontou, o que “democratizou as eleições das comissões de
coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) e está a fazer o caminho
da regionalização”.“Aliás, eu estou no
Governo porque se definiu uma verdadeira estratégia de valorização do
Interior e, portanto, de descentralização”, afirmou a ministra da Coesão
Territorial.E continuou: “Queria aqui
esclarecer que todos temos momentos menos felizes e eu assumo este
momento e quero também dizer que ele reflete uma profunda frustração
pelo facto de, neste Governo, não termos conseguido fazer mais e melhor
num contexto de pandemia e que obrigou o Governo a focar-se nos
problemas da mesma e que chamou à administração central e ao Governo a
maioria das decisões urgentes”. A própria pandemia de covid-19, referiu, “condicionou muito e obrigou muito à centralização da decisão”.Acrescentou que todos os dias no terreno os autarcas e as CIM lhe “dão sinais de satisfação face a este esforço do Governo”.Por fim, a ministra disse que, “obviamente, há um caminho grande ainda a fazer” para Portugal ser “um país menos centralista”.“Mas
não poderia deixar de reconhecer o papel que este Governo tem feito e
todos os seus membros e, portanto, no fundo, penitenciar-me ou
corrigir-me face ao que ontem, num contexto específico, tive
oportunidade de proferir”, salientou.Na
cerimónia de evocação do Douro Património Mundial da Humanidade Ana
Abrunhosa falou sobre as duas décadas após a classificação, período em
que apesar de “todos os avanços” o território “tem vindo a perder
população”. E, por isso, apontou como principais objetivos para o futuro deste território o combate à crise demográfica e ao despovoamento.