Ministra da Agricultura quer antecipar 85 ME do envelope financeiro 2021-27
16 de mai. de 2020, 15:40
— LUSA/AO online
"Considerando a forma direta e rápida de
injeção de liquidez no setor através dos apoios diretos ao rendimento do
I pilar da PAC, vamos comunicar e dialogar, com a Comissão Europeia, a
transferência, de caráter excecional, de dotação do segundo pilar para
os pagamentos diretos, com dotação do envelope financeiro 2021-27, no
valor de 85 milhões de euros a aplicar na campanha 2020", afirmou Maria
do Céu Albuquerque.A governante falava
durante uma conferência de imprensa, realizada no Ministério da
Agricultura, para a apresentação de novos apoios para o setor agrícola,
de forma a minimizar os impactos económicos e financeiros causados pela
pandemia da covid-19."Este instrumento
está construído para beneficiar todos os agricultores, mas com uma
discriminação positiva no apoio aos agricultores de pequena dimensão,
introduzindo um princípio de marcada degressividade", disse.A
proposta prevê um aumento de 15% do pacote de pagamentos diretos, o
reforço do Regime da Pequena Agricultura, de 600 para 850 euros e do
pagamento redistributivo (120 euros) nos primeiros cinco hectares.Prevê
ainda um reforço do apoio a todos os pagamentos associados, que
aumentam 15% e de outros pagamentos diretos, que registam um aumento de
08%. "Esta medida terá um duplo efeito
positivo. Contribui para reduzir as quebras sentidas pelos agricultores
no ano de 2020 e mobiliza fundos para continuarmos a desenvolver o
setor", explicou a ministra.Em complemento
a esta medida, Maria do Céu Albuquerque anunciou que não será efetuado
rateio na medida 9 do PDR2020- Manutenção da atividade agrícola em zonas
desfavorecidas, "o que significará um aumento de cerca de 25 milhões de
euros".A governante sublinhou ainda que
vai ser aberta uma linha de crédito bonificada do Ministério da
Agricultura, específica para o setor das flores, no valor de 30 milhões
de euros."A situação de crise de saúde
pública, derivada da pandemia covid-19, teve um efeito inesperado,
global e impactante, quer na vida quotidiana de todos os cidadãos, quer
ao longo de todos os setores de atividade económica, incluindo a
agricultura e a indústria agroalimentar", sustentou.E,
neste âmbito, realçou a importância que o setor agroalimentar tem na
economia nacional, enquanto recurso endógeno e produtor de bens
transacionáveis e também no comércio internacional, onde representa 7,2%
dos valores das exportações e 11,3% dos valores das importações de bens
e serviços da economia. "Nos últimos dez
anos, as exportações do complexo agroalimentar cresceram a um ritmo
superior, 5,1% ao ano, ao das importações, 2,9% por ano", frisou.A ministra entende que as medidas já avançadas, a nível europeu, "são positivas, mas não são definitivas".Adiantou
ainda que é intenção do Ministério da Agricultura utilizar ao máximo a
flexibilidade que é permitida pelos regulamentos comunitários e, também,
com o complemento de verbas nacionais, assegurar, aos agricultores, um
quadro de maior previsibilidade no apoio à superação desta fase difícil."A
agricultura nacional mostrou-se resiliente e não parou. Mas temos,
neste momento, não só de apoiar devido às quebras de rendimento que se
preveem neste ano de 2020, mas também de começar a relançar a dinâmica e
o investimento no terreno", concluiu.Portugal
entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia,
depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de
março.Esta nova fase de combate à
covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em
vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso
obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de
atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.O
Governo aprovou na sexta-feira novas medidas que entram em vigor na
segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares
de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e
12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes,
museus, monumentos e palácios. O regresso das cerimónias religiosas
comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura das praias para
06 de junho.