Ministra convoca UGT para reunião 3.ª feira para discutir alterações à lei laboral
12 de dez. de 2025, 16:14
— Lusa/AO Online
"Apesar da
realização da greve geral que interrompeu o processo negocial que estava
em curso, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
convocou hoje, um dia a seguir à greve geral, a UGT para uma reunião na
próxima terça-feira, às 17h00 para prosseguir as negociações”, revela a
ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, citada na nota
do ministério enviada à Lusa. A
convocatória surge um dia depois da greve geral convocada pela CGTP e
UGT contra as alterações à lei laboral propostas pelo Governo e que
estão a ser discutidas em Concertação Social. O
secretário-geral da CGTP afirmou na quinta-feira que a paralisação foi
“uma das maiores greves gerais de sempre, se não mesmo a maior greve
geral de sempre”, tendo contado com a adesão de “mais de três milhões de
trabalhadores”. “Estamos perante uma
impressionante resposta do mundo do trabalho. Não à volta a dar, não há
margem de manobra que deixe qualquer espaço para outra conclusão”, disse
ainda Tiago Oliveira, citado em comunicado, reiterando o apelo para que
o Governo retire o pacote laboral da discussão.Já
do lado do Governo, numa declaração ao final da manhã de quinta-feira, o
ministro da Presidência, Leitão Amaro, afirmou que “a esmagadora
maioria do país está a trabalhar”, argumentando que as transações
financeiras na SIBS estavam “com uma redução de 7% face ao período
normal” e que “o trânsito nas pontes do sul para Lisboa” estava a cair
5% . Realçando que o Governo respeita o
direito à greve, António Leitão Amaro considerou ainda que o nível de
adesão “é inexpressivo, em particular no setor privado e social”.“Esta
parece mais uma greve da função pública”, disse ainda o governante,
reconhecendo os impactos nos transportes ou nos “assistentes nas
escolas”. À Lusa, o ministério do Trabalho
confirmou ainda que está prevista uma reunião plenária com todos os
parceiros sociais em sede de Concertação Social para 14 de janeiro, como
avançado pelo Expresso, e a poucos dias das eleições presidenciais. A
proposta, designada "Trabalho XXI", foi apresentada em 24 de julho pelo
Governo e já mereceu o 'rotundo não' das centrais sindicais, que
argumentam que é "um ataque" aos direitos dos trabalhadores. Por outro lado, as confederações empresariais aplaudiram a reforma, ainda que digam que há espaço para melhorias. Após
o anúncio da greve geral, o Ministério do Trabalho entregou à UGT uma
nova proposta com algumas cedências, deixando, por exemplo, cair a
simplificação dos despedimentos nas médias empresas, mas mantendo o
regresso do banco de horas individual ou revogação da norma que prevê
restrições ao 'outsourcing' em caso de despedimento, medidas bastante
contestadas pelas centrais sindicais. O
executivo tem reiterado que "não está disponível para retirar toda a
proposta" e que quer manter as "traves mestras", ainda que esteja aberto
ao diálogo e vai dar "mais tempo" à UGT para analisar a nova proposta.
Em entrevista à Lusa, o secretário-geral
da UGT manifestou-se "confuso" com a disponibilidade do Governo para
negociar a lei laboral, questionando se não haverá "intenção de
provocar" a central sindical para "uma rutura", mas reiterou a abertura
para negociar. Já o secretário-geral da
CGTP, também em entrevista à Lusa, considerou "um erro" achar que a
ministra do Trabalho está a fazer uma “leitura própria” das propostas,
apontando Montenegro como o “primeiro responsável”, e considera a
abertura negocial “uma falácia”.A ministra
do Trabalho, Rosário Palma Ramalho, já avisou que “não vai eternizar” a
discussão na Concertação Social, sendo que com ou sem acordo as
alterações terão sempre que ser debatidas e negociadas no parlamento.