Ministério Público vai recorrer de medidas aplicadas a suspeitos de corrupção na Madeira
15 de fev. de 2024, 10:18
— Lusa/AO Online
“O
Ministério Público vai interpor recurso”, disse à Lusa fonte oficial da
Procuradoria-Geral da República (PGR), em relação à decisão do juiz
Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de Instrução Criminal
(TCIC) de Lisboa, que determinou à tarde a libertação "de imediato"
dos arguidos.O magistrado do TCIC decidiu
ainda aplicar termo de identidade e residência ao ex-presidente do
município do Funchal Pedro Calado (PSD), bem como aos empresários
Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e Custódio Correia,
principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia.“Não
se encontrando indiciada a prática, pelo arguido Custódio Ferreira
Correia, pelo arguido José Avelino Aguiar Farinha e/ou pelo arguido
Pedro Miguel Amaro de Bettencourt Calado de um qualquer crime, deverão
os mesmos aguardar os ulteriores termos do processo sujeitos à medida de
coação de termo de identidade e residência”, refere o despacho do juiz.Na sexta-feira, o Ministério Público tinha pedido prisão preventiva, a medida mais gravosa, para os três arguidos.O
termo de identidade e residência, de aplicação obrigatória quando
alguém é constituído arguido, consiste na identificação da pessoa e
indicação da sua residência, bem como na obrigação de comparecer perante
as autoridades sempre que houver uma notificação.O arguido não pode mudar de residência ou ausentar-se por mais de cinco dias sem comunicar o lugar onde pode ser encontrado.A
Polícia Judiciária (PJ) realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas
domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos
Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que
investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica
em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem,
abuso de poderes e tráfico de influência.A PJ deteve nesse dia o então presidente da Câmara do Funchal, que entretanto renunciou ao cargo, e os dois empresários.O
presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel
Albuquerque, foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o
que implicou a demissão do executivo.Em
causa no processo estão suspeitas de corrupção ativa e passiva,
participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta
indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo
a PJ.De acordo com documentos judiciais a
que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o
social-democrata Miguel Albuquerque, Pedro Calado e Avelino Farinha
estabeleceram, “ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade
e confiança” que terá beneficiado aquele grupo empresarial “ao arrepio
das regras da livre concorrência e da contratação pública”.Entre
os contratos alvo de investigação criminal, indicam os documentos
judiciais, estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário
de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral
das Freiras, o projeto da requalificação da Praia Formosa e o Funchal
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