Ministério Público russo quer pena de prisão de longa duração
Navalny
1 de fev. de 2021, 11:48
— Lusa/AO Online
Em
nota, a acusação considerou “legal e justificado” o pedido do Serviço
Penitenciário Russo (FSIN) de rejeitar a libertação do principal crítico
do Kremlin, detido por violação dos termos da sua pena de prisão num
caso que remonta a 2014.Esta declaração
atesta a determinação das autoridades em manter Navalny na prisão,
apesar das manifestações organizadas no domingo, pelo segundo fim de
semana consecutivo, em mais de uma centena de cidades na Rússia para
exigir a sua libertação.De acordo com a
organização não-governamental OVD-Info, especializada na monitorização
de protestos, mais de 5.300 manifestantes foram detidos em todo o país,
um número recorde na história moderna da Rússia, segundo a mesma fonte.Destes,
cerca de 1.800 estavam na capital Moscovo, onde os manifestantes e
polícia se enfrentaram durante todo o dia pela cidade, onde a maior
parte do centro tinha sido bloqueada, incluindo o metro.Quase 1.200 detenções também foram registadas na segunda cidade do país, São Petersburgo.O
porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou a repressão
justificada, denunciando a participação “de um número bastante grande de
bandidos e provocadores, mais ou menos agressivos para com a polícia”.Um tribunal de Moscovo multou em 20.000 rublos (220 euros) Yulia
Navalnaya, mulher do líder da oposição, por ter participado nas
manifestações.O tribunal distrital de
Shcherbinski, em Moscovo, considerou-a culpada de ter participado “numa
reunião não autorizada, manifestação, marcha ou piquete que causou
interferência com o funcionamento de instalações vitais e de
infraestruturas de transporte ou sociais”, de acordo com a decisão do
juiz.Ativista anticorrupção e inimigo
jurado do Kremlin, Alexei Navalny, de 44 anos, foi detido ao regressar à
Rússia em 17 de janeiro, após cinco meses de recuperação na Alemanha
por um envenenamento pelo qual acusa o Presidente russo, Vladimir Putin.O
motivo da detenção, segundo as autoridades, foi a violação das
condições de uma pena de prisão suspensa de três anos e meio pronunciada
em 2014 e que pode ser transformada numa sentença efetiva.Navalny
deve comparecer na terça-feira e está sujeito a cerca de dois anos e
meio de prisão, tendo já efetuado parte da sentença em prisão
domiciliar.Os apoiantes do opositor foram chamados a manifestar-se antes do julgamento, sendo também alvo de vários processos judiciais.Vários dos seus aliados e colaboradores estiveram em prisão domiciliar, detidos ou perseguidos na justiça nas últimas semanas.Alguns
enfrentam prisão por violar “padrões de saúde” contra a covid-19 ao
organizar protestos, enquanto outros são acusados de incitar menores a
participarem em reuniões proibidas.Apesar
da repressão e das ameaças, milhares de moscovitas manifestaram-se no
domingo, apesar das medidas de segurança excecionais.Os
manifestantes iam encontrar-se primeiro em frente à sede dos Serviços
Especiais (FSB), mas as autoridades isolaram o centro da cidade,
forçando-os a encontrarem-se mais a norte na tentativa de chegar ao
estabelecimento onde Navalny está detido.A
polícia respondeu ao usar toda a força para fazer detenções e, em
várias cidades, as forças de segurança usaram os cassetetes sem
cerimónia.O mediador de São Petersburgo, Alexander Chichlov, denunciou “uma operação essencialmente militar”.As
condenações internacionais foram unânimes, com o secretário de Estado
dos Estados Unidos, Antony Blinken, a lamentar as “táticas brutais” e o
chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borell, a deplorar “as
detenções em massa” e “o uso desproporcional da força”.