Autor: LUSA/AO online
"É o desfecho que prevíamos e gostaríamos que acontecesse, na medida em que não houve qualquer prejuízo para a ordem pública”, afirmou Luís Quental, um dos dois arguidos, em declarações à agência Lusa, acrescentando que “o Estado deve perseguir e punir quem atenta conta os valores da sociedade e não, nunca, quem defende o interesse público”.
A 08 de março, cerca de 50 pessoas manifestaram-se na lagoa das Furnas, no concelho da Povoação, na ilha de São Miguel, contra a introdução de taxas para aceder à zona das caldeiras e parte das margens, apelando à suspensão e “discussão pública” desta medida, num protesto pacífico e silencioso organizado pelo Movimento Lagoa das Furnas.
O processo foi aberto pelo Ministério Público de Vila Franca do Campo por o presidente da Câmara Municipal da Povoação não ter sido informado com dois dias de antecedência da intenção do Movimento Lagoa das Furnas em realizar uma manifestação contra a introdução de taxas.
Luís Quental e Elizabeth Medeiros, que chegaram a ser constituídos arguidos e estavam sujeitos a termos de identidade, foram informados na quarta-feira da decisão de arquivamento do processo.
“Foi uma manifestação pacífica, silenciosa, ordeira e o Ministério Público acabou por concluir que não existia indícios de crime”, referiu Luís Quental, satisfeito com o desfecho do caso.
Desde 01 de março que a Câmara Municipal da Povoação está a cobrar taxas que obrigam ao pagamento de uma entrada de 50 cêntimos por pessoa numa parte das margens da lagoa, usada para piqueniques e onde ficam as caldeiras, o local onde são feitos os típicos cozidos das Furnas, em covas no solo, aproveitando o calor natural da terra.
Além da entrada, passou a ser cobrado o estacionamento dos carros, com preços que variam segundo o tempo de permanência no parque, e a utilização das covas dos cozidos.
As taxas contemplam isenções no pagamento da entrada para as crianças até 12 anos, residentes nas Furnas e os possuidores do Cartão Amigo do Parque, da Direção Regional do Ambiente.
Estão ainda isentos de pagar a entrada o portador do cozido, guias turísticos, empresários da restauração, táxis e os condutores de autocarros.
O Movimento Lagoa das Furnas chegou a ter uma audiência marcada com o presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, em maio, que não chegou a acontecer, tendo na altura entregado à chefe de gabinete de Vasco Cordeiro cópia de uma petição.