Ministério da Saúde estuda comparticipação de medicamentos para deixar de fumar

29 de dez. de 2012, 11:45 — LUSA/AOnline

Em entrevista à agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Leal da Costa, considerou que é necessário “criar condições” para que os fumadores que querem deixar de fumar o façam. A Autoridade do Medicamentos (Infarmed) e a Direção Geral da Saúde estão, por isso, a analisar o potencial terapêutico dos vários medicamentos para cessação tabágica, que pode justificar, ou não, uma comparticipação estatal à compra destes fármacos. Uma embalagem de um destes remédios para um mês de tratamento custa acima de 40 euros. “O medicamento que possamos considerar passível de comparticipação terá de ter o seu preço revisto. Terá de haver um compromisso por parte do fabricante para uma necessidade de reajustamento do preço para que seja compatível para o erário público”, refere Leal da Costa. O secretário de Estado admite que, agora, estes remédios são “desproporcionadamente caros para o resultado pretendido”, vincando que uma comparticipação estatal é um “caminho novo”, mas que deve ser estudado. Ainda para ajudar a deixar de fumar, o Ministério quer “criar e exponenciar” programas de ensino junto dos clínicos gerais para amplificar as consultas de cessação tabágica nos centros de saúde. Ao nível legislativo, o Governo pretende avançar com uma alteração à lei do tabaco, que está em vigor há quase cinco anos, para reduzir as exceções à proibição de fumar nos espaços públicos. Os novos restaurantes ou cafés já passarão a estar proibidos de criar espaços para fumadores e, os que já existem, terão um período de oito anos para eliminarem essas zonas. Este período de adaptação é justificado por Leal da Costa com o investimento que alguns estabelecimentos fizeram em equipamentos para cumprir a lei e poder ter zonas de fumadores. “Vamos ter de salvaguardar e respeitar esses investimentos. Os que já existem terão um tempo de moratória de oito anos para amortizarem o investimento já feito”, diz. Com uma lei que elimina as zonas de fumadores dos espaços públicos, o Ministério da Saúde acredita que ficam salvaguardados os direitos dos fumadores, os clientes dos restaurantes e os seus trabalhadores. Quanto ao preço do tabaco, Leal da Costa assume que “não é suficientemente” dissuasor, mas reconhece que, sem um preço europeu uniforme, não pode haver uma diferença grande de custos entre os países para evitar o contrabando. Segundo dados do Ministério, os custos de saúde relacionados com o tabaco representam um encargo anual para o Estado de quase 500 milhões de euros.