Ministério da Educação vai auditar avaliações de alunos para travar inflação de notas
21 de mai. de 2020, 10:38
— Lusa/AO Online
Em entrevista ao
jornal Público e Rádio Renascença, Tiago Brandão Rodrigues referiu que
haverá auditorias aos critérios de avaliação e que a Inspeção-Geral da
Educação e Ciência (IGEC) terá de mobilizar mais inspetores para o
fazer, na sequência das alterações que houve nas escolas, nomeadamente
com o ensino à distância.“As notas do 1.º e
do 2.º período serão analisadas para ver como comparam com os
resultados finais. Haverá auditorias aos critérios de avaliação. A
Inspeção-Geral da Educação terá de mobilizar mais inspetores para esta
tarefa. É que nesta altura o problema da inflação artificial de notas,
que já existia em algumas escolas, pode ter consequências ainda mais
graves na equidade do concurso de acesso ao superior”, disse.No
entendimento do ministro da Educação, “seria muito danoso para o
sistema se oportunisticamente alguém pudesse tirar partido das
circunstâncias” excecionais em tempos de pandemia da covid-19.“Mas
o importante é isto: não podemos colocar em causa a credibilidade da
avaliação. Já dei instruções claras à IGEC para alargar a sua ação,
mobilizando mais inspetores e abrangendo mais escolas neste trabalho
sistemático — para que também nas disciplinas que não são sujeitas a
avaliação externa haver este trabalho”, salientou.Tiago
Brandão Rodrigues adianta que, haverá auditorias aos critérios de
avaliação interna de cada uma das escolas [a avaliação que é dada pelos
professores], incluindo nos casos do ensino à distância.“Por
outro lado, [serão também auditados] registos claros de avaliação dos
1.º e 2.º períodos de cada um dos alunos para entendermos exatamente [o
que se passa]. Esta análise vai levar necessariamente a ações
disciplinares ou a recomendações, se for necessário. O mais importante, é
que tudo isto tenha um efeito regulador, também de reflexão para o
sistema, mas acima tudo que seja dissuasor. Serviu no passado com a
nossa ação e tem de servir agora porque estas classificações finais vão
ser analisadas pela IGEC, também para servir de estímulo à existência de
critérios consistentes”, disse.Na
entrevista, o ministro disse também que “a recuperação das
aprendizagens” menos consolidadas deste ano “tem de ser um dos pilares
fundamentais no regresso às aulas” em setembro, salientando que tem de
haver uma avaliação de tudo o que não foi consolidado”.Questionado
sobre se vai haver aulas presenciais, à distância ou um sistema misto,
Tiago Brandão Rodrigues disse que estará condicionado pela capacidade de
produção de uma vacina e pela reação do vírus.“O
que entendo é que vamos estar mais preparados para um segundo surto do
que estávamos. Temos de construir vários cenários: um cenário em que ao
vírus está aí, mas não tem uma penetração na sociedade que nos obrigue a
fazer o que fizemos nesta onda, e outros cenários”, disse.Sobre
uma eventual suspensão das metas curriculares, o ministro diz que “elas
estão em vigor" e que o processo tem de ser repensado.“Temos
necessariamente, neste contexto diferente, de repensar o processo e
termos também adaptações tanto no processo ensino-aprendizagem como nas
avaliações, agora é muito importante que tudo seja feito em conjugação
com as escolas, com as comunidades educativas, com os professores. E
temos que nos preparar para em setembro — ou não em setembro, mas se
calhar em outubro, ou novembro — termos o que os ingleses designam por
‘be learning, uma conjugação entre ensino à distância e ensino
presencial’, disse.O ministro disse ainda
que se for preciso um reforço do corpo docente “ele existirá” e adiantou
que está a ser feito um programa para que as escolas possam estar
dotadas de recursos para que os alunos possam ter conectividade através
do ensino à distância.