Mineração do mar profundo vai afetar biodiversidade e pesca
30 de jun. de 2022, 10:25
— Lusa/AO Online
Num comunicado
enviado à agência Lusa, o grupo de investigação do Mar Profundo da
Universidade dos Açores (UAc) avança que um estudo, publicado na revista
Frontiers of Marine Science, concluiu que a exploração mineral do mar
profundo vai produzir “plumas de sedimentos que poderão cobrir uma área
até 150 quilómetros quadrados”.“Os
sedimentos libertados durante a exploração mineral poderão dispersar
por uma área equivalente a 10 mil campos de futebol e afetar
ecossistemas marinhos vulneráveis e a pesca comercial”, realçam os
investigadores. A
investigação revelou ainda que as plumas “podem dispersar para fora das
áreas” de mineração e “atingir montanhas submarinas próximas”, o que
afeta os “ambientes do mar profundo” e os “ambientes perto da
superfície”.“Estas
plumas, com elevado potencial tóxico, porão em risco os corais de água
fria e as atividades de pesca existentes. Estes impactos são
particularmente preocupantes em regiões como os Açores, onde as
populações locais são altamente dependentes do mar profundo”, lê-se
na nota de imprensa.O
grupo de investigadores destaca que o mar profundo dos Açores “esconde
uma diversidade de comunidades biológicas única no oceano Atlântico”,
como “extensos jardins de corais de águas frias” e “campos de esponjas”.“Muitas
destas áreas constituem ecossistemas marinhos vulneráveis devido à
grande diversidade de espécies, algumas com longevidades de centenas ou
milhares de anos e crescimento muito lento”, alertam.O
investigador Telmo Morato, do instituto Okeanos da UAc, co-líder do
grupo que realizou o estudo, lembra que a mineração pode ser uma
“realidade num futuro próximo”, o que pode “produzir plumas de mineração
altamente tóxicas”.“Estas
plumas têm um potencial de dispersão muito grande e irão afetar
biodiversidade local e as atividades pesqueiras existentes”, reforçou o
investigador, citado na nota de imprensa.Marina
Carreiro Silva, co-líder da investigação e especialista em corais,
realçou que aquelas plumas tóxicas “poderão afetar organismos que se
alimentam de partículas na coluna de água, entupindo as suas estruturas
alimentares e causando asfixia”.“Os
sedimentos e a toxicidade dos metais associados às partículas afetam as
funções fisiológicas de corais e peixes podendo levar à sua morte”,
assinalou a investigadora do Okeanos.Para
o grupo de investigação, os resultados do estudo “reforçam a
necessidade de continuar a avaliar os potenciais impactos da exploração
mineral do mar profundo antes de se começar a equacionar a sua
regulamentação”.