Militares portugueses vão deixar Cabul “dentro de algumas horas”
Afeganistão
27 de ago. de 2021, 07:43
— Lusa/AO Online
Em
declarações à SIC esta quinta-feira à noite, João Gomes Cravinho
revelou que os quatro militares “atualmente estão empenhados em colocar
nos aviões os 38 afegãos identificados e validados” para viajarem para
Portugal e que a missão dos quatro miliares “está quase concluída” e
sairão de Cabul “dentro de algumas horas”.O
ministro da Defesa referiu que 56 afegãos vão viajar para Portugal nos
próximos dias, que os primeiros grupos deverão chegar na sexta-feira e
que estes vão ficar instalados em Lisboa.O
governante acrescentou que dos 56 afegãos que chegarão a Portugal, 18
já estão fora de Cabul e 38 no aeroporto internacional Hamid Karzai.“Temos
agora a caminho cerca de 56 [afegãos], que trabalharam diretamente com
as forças portuguesas. Haverá também mais, relacionados com as Nações
Unidas, e outros, que virão para Portugal nos próximos dias. Penso que
os primeiros chegarão amanhã [sexta-feira], mas há grande incerteza
ainda relacionado com os voos e os percursos”, salientou João Gomes
Cravinho.Para
o responsável pela pasta da Defesa, o “grande objetivo” imediato “é
retirar gente de Cabul”, salientando que “isso está a acontecer em
direção a múltiplos aeroportos”.João Gomes Cravinho frisou que “no imediato” Portugal tem capacidade para receber cerca de 300 refugiados.“O
médio e longo prazo vai requerer um trabalho intenso, com estas
famílias, de apoio na sua integração na procura de empregos”, sustentou.“Em
31 de agosto haverá uma reunião de ministros da Administração Interna
para falar do plano europeu de acolhimento e é natural que no âmbito
desse plano venhamos a receber muitos mais”, disse ainda.Sobre
a missão dos quatro militares portugueses em Cabul, o governante
salientou “o contacto muito intenso” com vários países aliados como a
França, Espanha ou Alemanha para encontrar uma solução para a retirada
dos afegãos.“Eles
têm feito um trabalho absolutamente notável, em circunstâncias muito
difíceis, de trazer para dentro do aeroporto [de Cabul] e colocar em
aviões pessoas que trabalharam com as forças nacionais destacadas
portuguesas, ou seja, tradutores, interpretes e os seus familiares”,
precisou.João
Gomes Cravinho explicou ainda que todos os portugueses em Cabul já
terão sido retirados, sem dar “garantia absoluta” devido à presença de
um bombeiro no Afeganistão cuja “retração já estava absolutamente
assegurada”, mas ainda sem confirmação de já ter deixado o país.Desde
a tomada de poder pelos talibãs, a 15 de agosto, milhares de afegãos
estão a tentar fugir do país antes da retirada das forças militares dos
Estados Unidos e dos seus aliados, prevista para dia 31.Segundo
números divulgados pelos EUA na quarta-feira, 82.300 pessoas já tinham
sido retiradas por forças ocidentais de Cabul desde o início da crise.Duas
explosões ocorreram hoje à tarde fora do aeroporto internacional Hamid
Karzai, em Cabul, onde milhares de pessoas têm acorrido (e onde
permanecem) desde que os talibãs assumiram o controlo do Afeganistão.Num
comunicado divulgado pela sua agência de propaganda, Amaq, o grupo
Estado Islâmico da Província de Khorasan (ISKP, na sigla em inglês)
afirma que um dos seus combatentes franqueou “todas as fortificações de
segurança” e se colocou a menos de “cinco metros de militares
norte-americanos”, tendo então detonado o seu cinto de explosivos.O comunicado só menciona um bombista suicida e apenas uma bomba.O
Pentágono, contudo, reportou a ocorrência de dois atentados-suicida
seguidos de um tiroteio, advertindo ainda para a existência de “uma
série de ameaças ativas” contra o aeroporto de Cabul, que vão de um
possível ataque com foguetes a um atentado com um veículo armadilhado.Os Estados Unidos ameaçaram o EI de represálias.Segundo
o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos Estados
Unidos), pelo menos 12 soldados norte-americanos morreram e 15 ficaram
feridos no atentado que fez dezenas de vítimas, mas cujo total se
desconhece ainda, variando o número de acordo com a fonte dos relatos.