Militantes que pediram impugnação de diretas e Congresso querem distritais a debater tema
PSD
5 de abr. de 2022, 14:43
— Lusa/AO Online
Numa carta
aberta a que a Lusa teve acesso, que tem como primeiro subscritor o
militante do PSD-Porto Henrique Cruz (também primeiro subscritor da
impugnação, que diz ter já apoio de muito mais militantes
sociais-democratas), recorda-se os motivos invocados para pedir a
nulidade da marcação das diretas e do Congresso feito no Conselho
Nacional de 14 de março, em Ovar.“O
Conselho Nacional apenas poderá fazer uso destas competências quando o
mandato do Presidente e Comissão Política Nacional (CPN) tenham
terminado ou tenham sido revogados. A decisão da marcação das eleições
diretas foi por isso irregular e imediatamente impugnada dentro do prazo
previsto, por um grupo de militantes que quer ver a legalidade
respeitada”, refere.Fontes do CJN -
considerado o tribunal do partido - disseram à Lusa que este pedido de
impugnação vai ser debatido na reunião de hoje deste órgão, mas
dificilmente sairá já uma decisão. Na carta aberta, pede-se que o tema seja discutido nas próximas reuniões das Assembleias distritais e regionais.“Também
propomos a discussão, nessa reunião, da proposta distrital, que no
vosso entender é a mais conveniente, para ajudar a direção nacional a
propor um novo calendário eleitoral da eleição direta do presidente do
partido e do Congresso, para eleição dos restantes órgãos, tendo em
conta o calendário eleitoral dos próximos 4 ou 6 anos, com Congressos
eletivos ordinários de 2 em 2 anos”, acrescentam.Para
tal, os subscritores desta carta aberta recordam que em
setembro/outubro de 2023 haverá a eleição da Assembleia Legislativa da
Região Autónoma da Madeira; em maio/junho de 2024 a eleição dos
deputados ao Parlamento Europeu; em outubro de 2024 a eleição da
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores; em
setembro/outubro de 2025 serão as eleições autárquicas; em janeiro de
2026 a eleição do Presidente da República e, em setembro/outubro do
mesmo ano, a eleição para a Assembleia da República.“O
futuro do PSD não pode ser tratado com ligeireza, nem com negligência,
mesmo involuntária. O PSD tem de ser exemplar no cumprimento das normas e
formalismos da vida democrática”, defendem, na carta aberta.O
pedido de impugnação seguiu para a Jurisdição em 22 de março, sendo o
argumento principal a ausência de demissão do presidente Rui Rio ou de
qualquer moção de censura à direção.Davide
Henrique Cruz, militante do PSD desde 1976, membro da Assembleia
Distrital do Porto, dos Trabalhadores Sociais-Democratas e do Conselho
Estratégico Nacional, disse na altura representar um grupo de cerca de
duas dezenas de militantes, que, entretanto, já aumentou muito, segundo o
próprio.De acordo com o pedido de
impugnação a que a Lusa teve acesso, Henrique Cruz pede que sejam
anuladas as “deliberações irregulares do Conselho Nacional do PSD de 14
de março”, realizado em Ovar (distrito de Aveiro), por considerar que
não estão de acordo com os estatutos sociais-democratas.Nessa
reunião extraordinária, foram marcadas eleições diretas para 28 de maio
para escolher o futuro presidente do PSD e sucessor de Rui Rio e
Congresso para 01, 02 e 03 de julho, no Porto.A
discussão sobre a necessidade da demissão de Rio foi levantada nesse
Conselho Nacional (em que o presidente esteve ausente por estar com
covid-19) e, no final, em declarações aos jornalistas, o presidente
deste órgão, Paulo Mota Pinto, reiterou o seu entendimento de que não é
necessária uma demissão formal do atual líder, considerando que esta
está implícita quando a direção antecipou as eleições e Rio disse que
não se recandidatava.“Não há nenhuma
demissão formal, não existiu. Foi apresentada e aprovada uma proposta da
Comissão Política Nacional de antecipação das eleições”, afirmou então
Mota Pinto.