Milhões de pessoas necessitam urgentemente de ajuda no Sudão

22 de nov. de 2023, 17:43 — Lusa

"Agora que as atenções do mundo se voltaram para a terrível situação em Gaza, devemos recordar que o povo sudanês continua a enfrentar um sofrimento a uma escala também catastrófica", declarou a delegação da OMS num comunicado.Cerca de 25 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária e 11 milhões precisam de cuidados de saúde urgentes, referiu a OMS."Mais de 20 milhões de pessoas caíram agora em níveis elevados de insegurança alimentar aguda e uma em cada sete crianças com menos de cinco anos no Sudão está gravemente subnutrida", sublinhou a organização.A OMS acrescentou que "cerca de 4,2 milhões de mulheres, raparigas e populações vulneráveis enfrentam o risco de violência baseada no género, com acesso limitado ou inexistente a serviços de proteção e apoio".A guerra, que eclodiu a 15 de abril entre o exército regular e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), "continua sem tréguas em áreas-chave do país, especialmente em Darfur, no Cordofão e em Cartum", no oeste e no centro do país, respetivamente."Os mais recentes números oficiais que recebemos a 03 de novembro apontam para 32.679 feridos e, com tantas zonas de acesso extremamente difícil devido à insegurança, é provável que os números reais sejam muito mais elevados", alertou a OMS.Segundo as estimativas, 70% dos hospitais das regiões afetadas pelo conflito não estão a funcionar e os restantes estão sobrecarregados pelo fluxo de pessoas que procuram cuidados."Com as crianças a representarem cerca de metade dos 6,3 milhões de pessoas forçadas a fugir da violência, o Sudão é agora o país com a maior crise de deslocação de crianças do mundo", acrescentou.A OMS declarou estar "gravemente preocupada", em particular com a situação em Darfur, uma vasta região composta por cinco estados, quatro dos quais controlados pelas RSF.O comunicado refere que cerca de meio milhão de pessoas fugiram de Darfur para o vizinho Chade, muitas das quais necessitam de cuidados médicos imediatos, incluindo cuidados traumáticos.Por outro lado, as crescentes necessidades humanitárias foram ainda agravadas por um surto de cólera que se está a propagar rapidamente."Desde a declaração formal do surto em Gedaref (leste), a 26 de setembro, sete estados do Sudão notificaram casos suspeitos e estima-se que mais de três milhões de pessoas estejam em risco", alertou."A OMS já enviou 3,2 toneladas de kits de cólera, incluindo medicamentos e equipamentos de laboratório, e está a apoiar totalmente 10 centros de tratamento de cólera nos estados de Gedaref, Al Jazira e Cartum", onde disse estar a coordenar com o Fundo das Nações Unidas para a Infância e as autoridades locais o lançamento de uma campanha de vacinação.A organização advertiu que os seus esforços para controlar a doença, ou para apoiar os centros médicos e ajudar as pessoas que necessitam de alimentos ou de cuidados médicos, continuam a ser dificultados pela "insegurança" e por "obstáculos operacionais"."O povo do Sudão precisa da solidariedade e da compaixão do mundo como nunca antes. Cada atraso custa vidas. O mundo não pode esquecer o Sudão. O mundo não pode abandonar o Sudão", concluiu.