Milhares protestam em vários países para denunciar "fraude" nas eleições na Nicarágua
8 de nov. de 2021, 13:09
— Lusa/AO Online
Uma das principais
manifestações teve lugar em Washington, D.C., onde os nicaraguenses
caminharam desde a sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) até à
embaixada do seu país nos Estados Unidos.Durante
a marcha, os manifestantes hastearam uma enorme bandeira azul e branca
da Nicarágua, que se tornou um símbolo de oposição ao Presidente Ortega e
contrasta com as cores vermelha e preta da bandeira da Frente
Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o partido do chefe de Estado."Ortega,
escuta, ainda estamos na luta" e "Viva a Nicarágua livre!" gritaram os
manifestantes, que apelaram à comunidade internacional para que não
reconheça o resultado eleitoral deste domingo, por considerarem que o
governo de Ortega não proporcionou condições de transparência.Entretanto,
em Miami, dezenas de nicaraguenses reuniram-se no Parque Ruben Dario
para repudiarem as eleições, que consideram "fraudulentas", com
bandeiras do seu país e cantando "Nicarágua raptada por um assassino"."Repudiamos
estas eleições que são uma fraude, com cinco partidos políticos que são
marionetas do Sandinismo, não aceitamos estas eleições fraudulentas,
esta farsa", disse o líder comunitário César Lacayo, organizador da
mobilização, que garantiu ter havido protestos como aquele em 57 países
de todo o mundo, nos quais também foi exigida a libertação de 150
prisioneiros políticos.Em Espanha,
realizou-se outra manifestação, em Madrid, com os presentes a exigirem
que os resultados eleitorais não sejam reconhecidos.Santiago
Urbina, da Unidade Nacional Azul e Branca, que reúne grupos da
oposição, disse à agência de notícias espanhola EFE que estas eleições
deveriam servir para retirar Ortega do poder, já que a União Europeia, a
OEA e os EUA denunciaram a falta de legitimidade das mesmas, com sete
candidatos da oposição presos e partidos políticos proscritos.Um
comunicado lido neste e noutros protestos simultâneos que correram em
outras cidades exigia a libertação de mais de uma centena de "presos
políticos" na Nicarágua, um novo órgão eleitoral "independente" do
governo Ortega e eleições "limpas" com supervisão internacional, entre
outras reivindicações.Nicaraguenses também
se manifestaram em San José, onde milhares marcharam pelas principais
ruas da capital da Costa Rica contra o que chamaram "fraude" e o "circo"
eleitoral orquestrado por Ortega.Por
outro lado, cerca de 100 nicaraguenses manifestaram-se na Cidade do
Panamá para repudiar a "farsa" eleitoral no seu país e afirmaram que
Ortega concorreu sozinho à presidência, depois da prisão dos seus
principais rivais.A Nicarágua realizou
domingo eleições gerais, que devem dar ao Presidente Daniel Ortega, 75
anos, o seu quarto mandato consecutivo, após 14 anos no poder.Além
de Ortega, os cinco candidatos que disputarão o cargo são considerados
“cúmplices do poder”. Os sete potenciais adversários mais ameaçadores
foram detidos.Uma grande parte da
comunidade internacional nega qualquer legitimidade ao escrutínio. Para o
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, o processo
eleitoral “perdeu toda a credibilidade”, o chefe da diplomacia europeia,
Josep Borrell, considerou-o uma “farsa”.Nos
últimos meses, a perseguição aos opositores foi contínua e desde junho
foram detidas 39 pessoas, entre personalidades políticas, empresários,
camponeses, estudantes e jornalistas.