Milhares de pessoas exigem em Málaga habitação digna
29 de jun. de 2024, 16:05
— Lusa
A marcha, organizada
pelo Sindicato dos Inquilinos com o apoio de cinquenta coletividades,
nasceu de um "mal-estar largamente partilhado: a impossibilidade de
acesso à habitação", a "expulsão" dos moradores dos seus bairros e o
encerramento de empresas locais.Os
participantes exibiram cartazes com palavras de ordem como "Turismo ou
vida. Por uma habitação sem abusos nem especulação", "Málaga, parque
temático", outro em inglês convidando os turistas a ficarem num hotel, e
ainda um com o rosto da presidente da Xunta, Juanma Moreno, com uma
pala no olho com o símbolo do euro.Houve
também mensagens dirigidas ao presidente da Câmara de Málaga, Francisco
de la Torre, como a que foi entoada junto à Alameda Principal: "Onde
está o Paquito, Paquito onde está? Paquito está a vender o que resta da
cidade" ou "Tenho trabalho, não tenho casa", em referência a palavras
recentes do presidente da câmara.No
protesto, que decorreu no percurso pelo centro da cidade, participou a
deputada e secretária-geral do Podemos, Ione Belarra, que apelou a
medidas "enérgicas e corajosas" contra o fenómeno da "turistificação",
como uma moratória para a habitação turística e a redução do número de
habitações existentes."As pessoas estão a
dizer alto e bom som que as cidades são para viver, não são para
turistas", porque no caso de Málaga "já não aguentam mais", disse
Belarra aos jornalistas, que criticou o presidente andaluz por agir
"como um verdadeiro vendedor dos patrões imobiliários: trabalha para os
grandes proprietários e não para os residentes".O
secretário-geral do PSOE em Málaga, Daniel Pérez, também participou na
manifestação, apelando ao presidente da Xunta e ao presidente da Câmara
da cidade para que "tomem nota" desta mobilização dos malaguenhos e
"tomem uma atitude".Pérez recordou que
câmaras municipais como as de Madrid, Barcelona e Bilbau já tomaram
medidas para travar o crescimento do alojamento turístico, enquanto em
Málaga "fizeram vista grossa".A Câmara
Municipal de Málaga anunciou recentemente que os novos apartamentos
turísticos terão de ter uma entrada separada, uma medida temporária para
"acalmar" o mercado da habitação enquanto se trabalha num quadro
definitivo que regulará as condições de implementação do uso turístico.Segundo
o Sindicato dos Inquilinos, até 12 de junho existiam em Málaga 12.196
habitações de uso turístico inscritas no Registo Turístico da Andaluzia,
o que representa 63.594 camas. Nalgumas zonas, como a zona da Plaza de
La Merced, - de onde partiu o protesto de hoje - 68,9% das habitações
são dedicadas ao turismo.O sindicato
adverte que não vai "permitir que a cidade seja um parque de diversões
esvaziado de moradores" em que as lojas são substituídas por
‘franchisings’, os passeios por esplanadas e as rendas por cartas de
despejo".