Milhares de jornalistas mexicanos em protesto inédito após homicídios recentes
26 de jan. de 2022, 13:11
— Lusa/AO Online
O protesto nacional surgiu em
resposta ao mais recente homicídio da jornalista Lourdes Maldonado,
baleada à porta de casa na cidade de Tijuana, apesar de beneficiar do
programa de Proteção dos Jornalistas da Baja California, na sequência de
uma disputa legal com o antigo governador Jaime Bonilla, membro do
Movimento de Regeneração Nacional.As
mobilizações tiveram lugar em 47 cidades de todo o país contra a
violência sobre os jornalistas, que continua a aumentar desde a tomada
de posse do Presidente, López Obrador.A
manifestação na Cidade do México foi uma das maiores, com centenas de
jornalistas a protestar em uníssono num evento sem precedentes no
México, em frente ao edifício do Ministério do Interior.Segundo
a organização não-governamental (ONG) Artigo 19, pelo menos 143
jornalistas foram assassinados no país desde 2000, 28 dos quais desde
que o Presidente tomou posse em dezembro de 2018."A
violência contra a imprensa é um dos problemas históricos que a
sociedade enfrentou e infelizmente está a aumentar", disse o responsável
pela comunicação da ONG de direitos humanos fundada no Reino Unido. "As ações do Estado não são suficientes, a boa vontade não é suficiente", acrescentou Juan Vázquez.Tanto
o sistema federal como os programas estatais são confrontados com
agressões, homicídios e violência contínua a que muitos dos jornalistas
do país estão sujeitos, com o Artigo 19 a denunciar que se regista um
ataque à imprensa a cada 12 horas no México.Na
terça-feira, o gabinete de segurança do Governo mexicano anunciou que,
sob "instruções presidenciais", tinha enviado uma equipa especializada
para a cidade de Tijuana, no estado da Baixa Califórnia, para apoiar as
investigações sobre o assassínio de dois jornalistas na semana passada.Para
além destes, a 10 de janeiro, José Luis Gamboa Arenas, diretor dos
meios digitais Inforegio, foi assassinado em Veracruz, um estado do
leste do México.A mobilização histórica
para protestar contra a violência contra jornalistas, liderada por
milhares de jornalistas mexicanos, teve lugar em praticamente todos os
32 estados do país para exigir justiça para os seus três colegas
recentemente assassinados, mas também para aqueles que foram mortos em
anos anteriores.Segundo os Repórteres sem
Fronteiras (RSF), pelo menos sete jornalistas foram mortos no México em
2021, o que o torna "o país mais mortífero do mundo para a imprensa".O México ocupa o 143.º lugar entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2021 da RSF.