Milhares de israelitas nas ruas exigem a Netanyahu cessar-fogo imediato
20 de jul. de 2024, 21:33
— Lusa
Os
manifestantes exigem o fim das hostilidades, para permitir o regresso de
todos os reféns em posse do Hamas no enclave palestiniano, antes da
viagem programada por Benjamin Netanyahu aos Estados Unidos na próxima
semana.“Netanyahu, assina o acordo antes
de voar para DC [Washington]”, foi escrito em faixas e entoado pelos
manifestantes, que incluíam familiares e pessoas próximas dos reféns e
uma ampla variedade de grupos civis antigovernamentais, que exigiram
igualmente a demissão do primeiro-ministro.Israel
e o Hamas mantiveram negociações indiretas nas últimas semanas em Doha e
no Cairo, com sinais positivos de que um acordo estava próximo, mas à
última hora Netanyahu acrescentou exigências que bloquearam as
conversações, como o controlo israelita do corredor de Filadélfia e da
passagem de Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito."Pelo
menos 20 reféns capturados vivos morreram durante 288 dias em Gaza. E a
cada dia que passa os reféns morrem, adoecem e sofrem torturas
severas", lamentou hoje Yizhar Lifshitz, citado pela agência EFE, e
cujos pais Yocheved Lifshitz, libertada em outubro, e Oded Lifshitz,
ainda cativo, foram sequestrados há nove meses no ataque sem precedentes
do Hamas em território israelita.Nadav
Rudaeff, filho de Lior Rudaeff, assassinado pelo Hamas no ataque
realizado em 07 de outubro e cujo corpo permanece na Faixa de Gaza,
exigiu também um acordo para poder enterrar o pai, que completaria 62
anos na passada sexta-feira."Estou zangado
porque não temos um lugar para chorar por ti. Porque é que alguém acha
lógico que eu tenha de implorar por um túmulo? O que raio temos de
fazer, sentarmo-nos na varanda com vista para Khan Yunis e Rafah e
rezar?", questionou.No protesto participou
também o ex-embaixador norte-americano em Israel Thomas Nides, que
pediu a Netanyahu que dissesse publicamente perante o Congresso em
Washington que apoia a proposta de acordo apresentada pelo Presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden, em maio, e que serviu de base para as
negociações desde então. "Diga-lhes como
isto é importante para o nosso país, para o seu país, para as famílias
sentadas aqui hoje, para as mães, pais, irmãs e irmãos. Diga-lhes que
devem trazê-los para casa agora", pediu o antigo diplomata.Netanyahu
foi convidado a discursar numa sessão conjunta de ambas as câmaras do
Congresso dos Estados Unidos na próxima quarta-feira, e deverá reunir-se
com Biden, embora a data do encontro não tenha sido definida. Segundo
a imprensa israelita, o chefe do Governo israelita pretende também
reunir-se com o ex-Presidente norte-americano e candidato republicano
nas eleições para a Casa Branca em novembro, Donald Trump.As
fugas de informação para os meios de comunicação israelitas sugerem que
vários reféns libertados e familiares dos que ainda permanecem presos
viajarão para Washington ao mesmo tempo da visita de Netanyahu.Até
agora, as partes só assinaram um acordo de tréguas de uma semana em
novembro, que permitiu a troca de 105 reféns israelitas por 240
prisioneiros palestinianos. Além disso,
quatro reféns foram libertados pelo Hamas em outubro e sete foram
resgatados pelo Exército, que recuperou também vinte corpos.Dos
251 sequestrados em 07 de outubro, 116 permanecem dentro da Faixa de
Gaza, mas 42 foram confirmados como mortos pelos serviços de informação
israelitas, embora o Hamas aumente o número para mais de 70. Os
Estados Unidos, principal aliado de Israel, têm criticado a forma como
Netanyahu tem conduzido a guerra na Faixa de Gaza, em retaliação ao
ataque de 07 de outubro do Hamas, e que já custou a vida a cerca de 39
mil pessoas no enclave, na maioria civis.