Milhares de fiéis na Praça de São Pedro para despedida ao papa emérito
BentoXVI/Óbito
5 de jan. de 2023, 11:58
— Antonella Palmieri/Lusa/AO Online
Quando
os sinos batiam as 07h00 locais (05h00 nos Açores), já a italiana
Daniela Notarbartolo de 69 anos, caminhava na Praça de São Pedro, no
Vaticano, após sete horas de comboio onde aproveitou para dormir. Para
Daniela, a sua presença no funeral do papa emérito Bento XVI teve uma
justificação: “Gostamos muito dele. Reconhecemos nele uma ajuda para a
nossa fé.”À mesma hora, mãe e filho,
Maria de 46 anos, e Emanuele de 12 anos, também se dirigiam à praça.
“É uma oportunidade muito importante”, resumiu Emanuel Sevi, enquanto
Maria Vicentini contava que já tinha assistido ao funeral do Papa João
Paulo II (1920-2005).“O amor [pelos papas]
é o mesmo. Mas cresci com João Paulo II”, declarou a italiana de Roma,
explicando que de Bento XVI admirava, particularmente, o momento em que
“ficava em adoração”. De Munique
(Alemanha), Martina Scharding de 44 anos, o marido e cinco filhos
aceleravam o passo para assistir ao funeral do último papa alemão. “É
uma pessoa especial, um grande teólogo, foi muito importante para a
Alemanha”, disse.Pela Praça de São Pedro,
onde o dispositivo de segurança é apertado e salta à vista, Frederico
Batistte de 65 anos, juntou-se, como voluntário ao grupo da Proteção
Civil da região de Lazio, a cidade mais importante da região é Roma,
porque hoje “é um dia importante”. Em
2005, no funeral de João Paulo II também o fez, mas a diferença é
substancial. “A esta hora [07h43] já estava cheia”, recordou. Mesmo
antes dos portões, uma barreira de trânsito e polícia protege a área
dedicada aos jornalistas - chegaram mais de mil pessoas de todo o mundo,
segundo as autoridades.Michael Brown
trabalha para o Taz, um jornal de Berlim e explicou porque não se
surpreendeu por não ver tantos alemães na praça. “Embora
nossos jornais tenham intitulado 'somos Papa' quando Ratzinger foi
eleito, na Alemanha notamos um certo distanciamento em relação a ele,
tanto pelas muitas discussões sobre abusos na Igreja, quanto por um fato
muito mais simples, hoje na Alemanha a maioria das pessoas não se
reconhecem em nenhuma fé”, afirmou.Sofia
Castro de 22 anos, de São Paulo, Brasil, chegou à praça com três amigas
que estavam com ela de visita a Roma, em turismo. “Somos
católicos e este é um evento histórico. Acho que era necessário estar
aqui para participar. Mesmo que não tenhamos conhecido bem este Papa,
como cristãos é nosso dever participar”. O
papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado com 95 anos, abalou a
Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, a 11 de
fevereiro de 2013, dois meses antes de completar oito anos no cargo.Joseph
Ratzinger, que foi papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am
Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a
chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha
mais dogmática da Igreja.