Milhares de australianos protestam e pedem demissão do PM face a incêndios
10 de jan. de 2020, 11:42
— Lusa/AO Online
“Estamos a protestar porque estes
incêndios não têm precedentes, estão ativos desde setembro e precisamos
de ações urgentes para os combater e para lutar contra as alterações
climáticas”, defendeu à agência Efe Anneke De Manuel, uma das
organizadoras do protesto realizado pelo grupo de estudantes
universitários ecologistas ‘Students for Climate Justice’ e o movimento
‘Extinction Rebellion’.O protesto visa
conseguir que seja feita “a transição imediata e a 100% dos combustíveis
fósseis para energias renováveis e a demissão de ScoMo (alcunha dada ao
primeiro-ministro Scott Morrison)”, sublinhou Anneke De Manuel.Os
incêndios florestais que ardem na Austrália desde setembro passado já
provocaram a morte de 26 pessoas, destruíram mais de 2.000 casas e
queimaram uma área superior ao dobro da superfície da Bélgica,
estimando-se ainda que tenham matado ou deixado sem habitat mais de mil
milhões de animais selvagens.A polícia de
Victoria, cuja capital é Melbourne, admitiu não ter efetivos suficientes
para a segurança da cidade porque quase todos estão a ser usados no
combate aos incêndios florestais, que afetam principalmente o sudeste do
país.O primeiro-ministro tem-se recusado a
relacionar o agravamento dos incêndios com a crise do clima, apesar de o
próprio instituto australiano de meteorologia já ter confirmado a
ligação.“As mudanças climáticas estão a
influenciar a frequência e severidade dos incêndios na Austrália e em
outras partes do mundo”, referiu o instituto.A Austrália é o maior exportador mundial de carvão e Morrison é um dos protagonistas na defesa dessa indústria.Antes
de chegar a primeiro-ministro, Scott Morrison apareceu no parlamento
com um pedaço desse mineral como forma simbólica de defender as empresas
de mineração numa altura em que aumentavam as críticas e os pedidos
para reduzir a extração.Os manifestantes
que estão hoje em protesto em várias cidades do país também exigem que
os subsídios às indústrias poluidoras sejam cancelados e alocados ao
financiamento dos bombeiros e do combate aos incêndios, assim como a
ajudar as comunidades afetadas pelos fogos.Para
muitos australianos, a ‘gota de água’ em relação ao primeiro-ministro
aconteceu quando Scott Morrison resolveu ir de férias para o Havai (nos
Estados Unidos) no meio da crise dos incêndios, situação pela qual foi
forçado a pedir desculpas públicas.