Mil iranianas foram ver um jogo de futebol, situação rara saudada em jornais
11 de nov. de 2018, 22:44
— Lusa/Ao online
A presença inabitual de adeptas, num palanque reservado para elas no estádio Azadi, não foi suficiente para galvanizar a equipa local do FC Persepolis, que perdeu no Japão por 2-0 e empatou em casa, deixando escapar o título para a equipa japonesa Kashima Antlers.“As mulheres ganharam o jogo da Liberdade”, titulou em manchete o diário reformador Etemad, enquanto o jornal Sazandegi optou pelo título “Vitória das mulheres iranianas na final asiática”.Segundo o Sazandegi, a maioria das mulheres que esteve no estádio foi “escolhida a dedo” entre as famílias dos jogadores do FC Persepolis ou entre as jogadoras de futebol ou futsal.A Confederação Asiática de Futebol agradeceu hoje oficialmente às autoridades iranianas “terem permitido (que mulheres) testemunhassem um acontecimento excecional”.Desde a revolução islâmica em 1979, as mulheres não podem deslocar-se aos estádios no Irão para ver homens a jogar futebol, oficialmente para as proteger da grosseria masculina.A medida é regularmente criticada mesmo no seio do sistema político iraniano e o presidente Hassan Rohani, considerado moderado, exprimiu por diversas vezes a sua vontade de ver as mulheres acederem aos estádios, mas o projeto conta com a oposição dos ultraconservadores.A 17 de outubro, depois das autoridades locais terem autorizado na véspera uma centena de mulheres a assistirem a um jogo amigável entre o 11 iraniano e o da Bolívia, o procurador-geral do país advertiu que não permitiria que se repetisse a situação, suscetível, segundo ele, de levar “ao pecado”.