Michel garante trabalho árduo sem prometer aval às negociações em dezembro
Ucrânia
21 de nov. de 2023, 12:04
— Ana Matos Neves/Lusa/AO Online
“Haverá esta reunião [do
Conselho Europeu em dezembro], mas não posso prever o que fazemos, qual
será o resultado. Posso trabalhar arduamente para tentar obter um
resultado positivo e esse é o meu propósito e a minha convicção pessoal,
de que precisamos de um resultado positivo", disse Charles Michel,
falando à chegada à capital ucraniana, Kiev, falando com uma comitiva de
jornalistas europeus, incluindo a agência Lusa.Ressalvou
que "esta reunião não é o fim do processo [pois] discutiremos muitas
vezes no futuro como apoiamos a Ucrânia, como apoiamos os outros países
candidatos, como reforçamos a defesa europeia, como construímos mais
resiliência europeia”, “Esta visão, de que
o Conselho Europeu é preto ou branco, não pode ser nada nem tudo,
muitas vezes é mais complexo do que isso”, acrescentou o presidente do
Conselho Europeu.Referindo-se à cimeira
europeia de dezembro, ocasião na qual os líderes da UE vão discutir o
início das negociações formais com a Ucrânia, Charles Michel disse “não
subestimar as dificuldades políticas desta reunião” dado que “existem
muitos temas difíceis ao mesmo tempo”, sendo eles, além do alargamento, a
revisão do orçamento europeu a longo prazo, o novo pacto migratório e a
reforma das regras orçamentais.“Significa
que nos próximos dias, nas próximas semanas, vamos continuar a tentar
construir uma posição unida no Conselho Europeu, como fizemos no
passado, […] mas isto é desafiante porque são temas importantes em cima
da mesa”, salientou, nesta conversa com a comitiva de jornalistas que o
acompanha, incluindo a Lusa.A poucos
minutos de se encontrar com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky,
Charles Michel garantiu ainda assim que a disponibilidade europeia
relativamente à Ucrânia não é menor do que aquando do início da guerra.“Os
líderes europeus são extremamente sérios e estão convencidos de que
precisamos de tomar a decisão certa porque o que está em causa é a nossa
segurança, a nossa estabilidade, a nossa prosperidade nas próximas
décadas”, realçou.Numa altura em que a UE
já atribuiu 82 mil milhões à Ucrânia e em que surgem críticas sobre
alegados dois pesos e duas medidas, Charles Michel adiantou: “O maior
erro que faríamos, que faria para os nossos filhos e netos, seria cair
nesta armadilha”.A visita de Charles
Michel surge a três semanas de os líderes da UE decidirem sobre o início
das negociações formais para a adesão da Ucrânia à UE, depois de a
Comissão Europeia ter recomendado, em meados deste mês, que o Conselho
avance dados os esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos, embora
impondo condições como o combate à corrupção.Na
altura, o executivo comunitário vincou que a Ucrânia tem de fazer
progressos, que serão avaliados num relatório a publicar em março de
2024.A decisão cabe agora ao Conselho da
UE, na formação de Assuntos Gerais, e deverá ser tomada no dia 12 de
dezembro, mas o aval final será dado pelos chefes de Governo e de Estado
da União, que se reúnem em cimeira europeia poucos dias depois, a 14 e
15 de dezembro, em Bruxelas.Perante desacordos entre os ministros europeus, a última palavra é dos líderes da UE, adiantou fonte europeia à Lusa.A Ucrânia obteve o estatuto de país candidato em meados de 2022.O alargamento é o processo pelo qual os Estados aderem à UE, depois de preencherem requisitos ao nível político e económico.