México escondeu números reais de contágios e mortes na capital para evitar confinamento
Covid-19
22 de dez. de 2020, 11:41
— Lusa/AO Online
O
artigo intitulado “O México induziu em erro os cidadãos sobre a
severidade do [novo] coronavírus na Capital” dá conta de que o executivo
federal escondeu dados que, de acordo com os critérios fixados pelas
autoridades sanitárias do país, fariam a capital voltar a um
confinamento. Contudo, as autoridades
mantiveram os serviços e comércio abertos durante as primeiras duas
semanas de dezembro, quando os dados indicavam que, devido à progressão
do SARS-CoV-2 na cidade, a capital deveria ter entrado em confinamento
no início do mês.Depois de uma descida
acentuada do número de infeções e óbitos no verão, a situação
reverteu-se no último trimestre de 2020, com a covid-19 a progredir
rapidamente em quase todo o país, os internamentos a subirem 'em flecha'
e ventiladores em falta para conseguir corresponder às necessidades dos
hospitais.Contudo, as autoridades
asseguraram em 04 de dezembro, durante um briefing sobre a progressão da
pandemia no país, que a Cidade do México ainda não tinha atingido
níveis de contágio considerados críticos, de acordo com os próprios
critérios definidos pelo Governo, que requereriam um confinamento
generalizado.O diário norte-americano
acrescenta, com base em documentos que consultou, que a capital mexicana
tinha ultrapassado largamente os números definidos para o Governo
federal decretar novas restrições.Por isso, estabelecimentos comercias e empresas mantiveram-se abertos durante as primeiras duas semanas de dezembro.O
México utiliza uma 'fórmula' para decidir o confinamento com base nos
números mais recentes de novas infeções diárias, internamentos e óbitos.Quando
introduzida, o Governo garantiu à população que os dados seriam sempre
transparentes e objetivos, para haver uma contabilização, tanto quanto
possível, do alastramento do novo coronavírus.A
Cidade do México voltou ao confinamento generalizado na sexta-feira,
mas poderá ter sido tarde demais, uma vez que a maioria dos hospitais já
ultrapassou a capacidade de internamentos e não há ventiladores
disponíveis para todas os doentes.“Estamos
sozinhos, o Governo federal não nos está a ajudar – estão, na
realidade, a encarar isto levemente. Estamos a colapsar”, disse Diana
Banderas, médica que está a tratar de pacientes covid19 no Hospital
Carlos MacGregor, na Cidade do México.A crise é adensada com a falta de política que respondam à grave crise económica decorrente da pandemia.Ao
contrário de outros países, o Presidente do México não anunciou
programas de estímulo aos estabelecimentos comerciais e aos
desempregados decorrentes da pandemia.Sem
uma 'rede de segurança' que auxilie a população e as empresas durante o
período do Natal e Ano Novo – que habitualmente representa um incremento
no comércio -, a economia do país poderá agora ser severamente afetada
por estas duas semanas de confinamento.O
The Times explicita ainda que 85% das camas de hospitais da capital
mexicana estavam ocupadas no domingo. Há duas semanas, altura em que as
autoridades alegadamente optaram por atrasar o confinamento, havia 66%
das camas ocupadas.De acordo com os dados
das autoridades sanitárias mexicanas, o país tinha, até domingo,
1.320.000 contágios registados desde o início da pandemia e pelo menos
118.202 óbitos.Estes valores fazem do
México o quarto país do mundo com o maior número de mortos, apenas
ultrapassado pelos Estados Unidos, o Brasil e a índia.