Metsola promete prosseguir legado de Sassoli e combater “narrativa anti-UE”
18 de jan. de 2022, 16:14
— Lusa/AO Online
Na primeira
conferência de imprensa enquanto presidente, no Parlamento Europeu, em
Estrasburgo, Metsola, questionada insistentemente sobre a sua polémica
posição contra a interrupção voluntária da gravidez, garantiu, uma e
outra vez, que a partir de agora adotará e promoverá aquela que é a
posição do Parlamento, “inequívoca” sobre esta matéria, no sentido do
reforço dos direitos sexuais e reprodutivos.Imediatamente
após o anúncio da sua eleição, logo à primeira volta, a deputada
conservadora do Partido Popular Europeu (PPE) discursou perante o
hemiciclo, e as suas primeiras palavras foram em memória de Sassoli. “A
primeira coisa que gostaria de fazer como presidente é pensar no legado
de David Sassoli: foi um lutador, lutou pela Europa e por nós, por este
Parlamento. [...] Honrarei David Sassoli enquanto presidente,
defendendo sempre a Europa, os nossos valores comuns de democracia,
dignidade, justiça, solidariedade, igualdade, Estado de direito e
direitos fundamentais", disse.Na
conferência de imprensa, reforçou que tem a noção de que tem uma
‘herança’ pesada e garantiu que prestará “tributo ao David ao defender
sempre, sempre, a Europa”.Nessa defesa da
Europa, defendeu ser necessário “lutar contra a narrativa anti-UE que se
instala tão facilmente e tão rapidamente”.“A
desinformação e a informação errónea, amplificadas ainda mais durante a
pandemia, alimentam um cinismo fácil e soluções baratas de
nacionalismo, autoritarismo, protecionismo, isolacionismo. A Europa é
precisamente o oposto: trata-se de todos nos defendermos uns aos outros,
aproximando os nossos povos. Trata-se de defendermos os princípios das
nossas mães e dos nossos pais fundadores, que nos conduziram das cinzas
da guerra e do holocausto à paz, à esperança e à prosperidade”,
declarou. Oriunda do mais pequeno
Estado-membro da União Europeia, e o único onde a interrupção voluntária
da gravidez é absolutamente interdita, Metsola reiterou que, nas suas
novas funções, vai defender aquela que é a posição do Parlamento,
amplamente em favor do direito ao aborto, lembrando que foi já isso que
fez enquanto vice-presidente.“A minha
posição a partir de agora é a posição do Parlamento. E nesta matéria, de
direitos sexuais e reprodutivos, este Parlamento sempre foi inequívoco,
sempre defendeu um reforço desses direitos. Esta é a posição do
Parlamento Europeu e posso comprometer-me perante todos vós que será
também a minha posição, como já o fiz enquanto vice-presidente. Vou
promover essas posições não só dentro desta casa como junto das outras
instituições”, assegurou.Roberta Metsola,
que hoje mesmo completou 43 anos, torna-se a mais jovem presidente de
sempre de uma das principais instituições europeias e somente a terceira
mulher a presidir ao Parlamento Europeu, depois de duas francesas.“Há
22 anos, Nicole Fontaine foi eleita, 20 anos depois de Simone Veil. Não
passarão mais duas décadas até a próxima mulher estar aqui", comentou.Metsola
foi hoje eleita em Estrasburgo, França, presidente do Parlamento
Europeu para a segunda metade da legislatura, até 2024, sucedendo no
cargo ao italiano David Sassoli, falecido na semana passada.