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Metsola promete prosseguir legado de Sassoli e combater “narrativa anti-UE”

A maltesa Roberta Metsola, eleita presidente do Parlamento Europeu, prometeu prosseguir o legado do seu antecessor, o italiano David Sassoli, falecido na semana passada, e “lutar contra a narrativa anti-UE” e o “cinismo fácil”.


Autor: Lusa/AO Online

Na primeira conferência de imprensa enquanto presidente, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Metsola, questionada insistentemente sobre a sua polémica posição contra a interrupção voluntária da gravidez, garantiu, uma e outra vez, que a partir de agora adotará e promoverá aquela que é a posição do Parlamento, “inequívoca” sobre esta matéria, no sentido do reforço dos direitos sexuais e reprodutivos.

Imediatamente após o anúncio da sua eleição, logo à primeira volta, a deputada conservadora do Partido Popular Europeu (PPE) discursou perante o hemiciclo, e as suas primeiras palavras foram em memória de Sassoli.

“A primeira coisa que gostaria de fazer como presidente é pensar no legado de David Sassoli: foi um lutador, lutou pela Europa e por nós, por este Parlamento. [...] Honrarei David Sassoli enquanto presidente, defendendo sempre a Europa, os nossos valores comuns de democracia, dignidade, justiça, solidariedade, igualdade, Estado de direito e direitos fundamentais", disse.

Na conferência de imprensa, reforçou que tem a noção de que tem uma ‘herança’ pesada e garantiu que prestará “tributo ao David ao defender sempre, sempre, a Europa”.

Nessa defesa da Europa, defendeu ser necessário “lutar contra a narrativa anti-UE que se instala tão facilmente e tão rapidamente”.

“A desinformação e a informação errónea, amplificadas ainda mais durante a pandemia, alimentam um cinismo fácil e soluções baratas de nacionalismo, autoritarismo, protecionismo, isolacionismo. A Europa é precisamente o oposto: trata-se de todos nos defendermos uns aos outros, aproximando os nossos povos. Trata-se de defendermos os princípios das nossas mães e dos nossos pais fundadores, que nos conduziram das cinzas da guerra e do holocausto à paz, à esperança e à prosperidade”, declarou.

Oriunda do mais pequeno Estado-membro da União Europeia, e o único onde a interrupção voluntária da gravidez é absolutamente interdita, Metsola reiterou que, nas suas novas funções, vai defender aquela que é a posição do Parlamento, amplamente em favor do direito ao aborto, lembrando que foi já isso que fez enquanto vice-presidente.

“A minha posição a partir de agora é a posição do Parlamento. E nesta matéria, de direitos sexuais e reprodutivos, este Parlamento sempre foi inequívoco, sempre defendeu um reforço desses direitos. Esta é a posição do Parlamento Europeu e posso comprometer-me perante todos vós que será também a minha posição, como já o fiz enquanto vice-presidente. Vou promover essas posições não só dentro desta casa como junto das outras instituições”, assegurou.

Roberta Metsola, que hoje mesmo completou 43 anos, torna-se a mais jovem presidente de sempre de uma das principais instituições europeias e somente a terceira mulher a presidir ao Parlamento Europeu, depois de duas francesas.

“Há 22 anos, Nicole Fontaine foi eleita, 20 anos depois de Simone Veil. Não passarão mais duas décadas até a próxima mulher estar aqui", comentou.

Metsola foi hoje eleita em Estrasburgo, França, presidente do Parlamento Europeu para a segunda metade da legislatura, até 2024, sucedendo no cargo ao italiano David Sassoli, falecido na semana passada.